Reportagem de Hugo Bachega
Brasil revisará segurança nuclear em Angra 1 e 2, após crise no Japão.
quarta-feira, 16 de março de 2011
BRASÍLIA (Reuters) - O governo brasileiro adotará todas as medidas que forem anunciadas pela comunidade internacional para reforçar a segurança das usinas nucleares após os incidentes envolvendo reatores japoneses, danificados pelo terremoto e o tsunami da semana passada, disse na terça-feira o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante.
Segundo Mercadante, não há registro de problemas nas usinas nucleares de Angra 1 e 2 e os protocolos de segurança serão reforçados seguindo determinações internacionais a partir de estudos do caso japonês.
'Nós vamos tomar todas as medidas que forem necessárias a partir das lições que nós possamos ter deste incidente', disse o ministro a jornalistas. 'No caso de Angra, em todos esses anos, décadas de funcionamento, ficou demonstrado que ela está totalmente segura em relação àquilo que é o problema que nós temos.
De acordo com o ministro, não há risco de repetição, no Brasil, da crise nuclear enfrentada pelo Japão. Apesar da ausência de registro de terremotos de grande escala ou tsunamis no país, as usinas em Angra dos Reis (RJ) podem suportar um tremor de magnitude 6,5 e ondas de até sete metros de altura, explicou.
Os riscos maiores seriam relacionados a desmoronamentos e enchentes, para os quais as instalações também estariam protegidas.
A usina nuclear japonesa de Fukushima Daiichi, no norte do Japão, foi seriamente afetada pelo forte terremoto de magnitude 9 e pelo devastador tsunami de sexta-feira, que atingiu a costa nordeste do país e deixou até 10 mil mortos.
Explosões atingiram os prédios que abrigam os reatores da usina e causaram a liberação de vapor radioativo, o que levantou temores sobre um vazamento da radiação.
Mercadante explicou que o processo de produção de energia em Fukushima é diferente daquela adotada em Angra 1 e 2, e que a usina brasileira possui outros dispositivos de segurança, como a independência do resfriamento da água e uma maior espessura nas paredes do prédio de contenção do reator.