- 09/08/11
A ABilumi, entidade que reúne os importadores de produtos de iluminação, busca caminhos para uma solução efetiva para a logística reversa e a destinação adequada de lâmpadas mercuriais inservíveis. Como preparação para o estabelecimento do Acordo Setorial, previsto pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, seus associados discutiram o tema com representantes do governo, indústria, comércio e recicladores e analisaram as experiências européias com o consultor internacional Markus Spitzbart.
Até meados de setembro o governo deve lançar o edital relativo ao Acordo Setorial para a Logística Reversa de Lâmpadas, conforme definido pela Política Nacional de Resíduos Sólidos. Para ampliar o debate e definir os pontos que pretende defender, a ABilumi, entidade que reúne as empresas importadoras, promoveu um workshop com todos os participantes do setor de lâmpadas.
Com a participação de seus
associados e representantes do governo, do comércio, da indústria e de
recicladoras, a ABilumi – Associação Brasileira de Importadores de Produtos de
Iluminação realizou nos dias 4 e 5 de agosto, em São Paulo, o I WORKSHOP DE
LOGÍSTICA REVERSA E RECICLAGEM PARA LÂMPADAS MERCURIAIS, durante o qual foram
debatidos os principais aspectos que envolvem uma solução
efetiva para a
destinação adequada das lâmpadas.
Participaram da primeira parte do
evento o Secretário Executivo do Comitê Orientador para a Implementação de
Sistemas de Logística Reversa do Ministério do Meio Ambiente, Joaquim Antônio
de Oliveira, o presidente do Simerj - Sindicato do Comércio Varejista de
Material Elétrico, Eletrônicos e Eletrodomésticos do Município do Rio de
Janeiro e vice-presidente da Fecomércio RJ – Federação do Comércio do Estado do
Rio de Janeiro, Antonio Florêncio de Queiroz Junior, o representante do
Departamento de Meio Ambiente da FIESP – Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo, Ricardo Lopes Garcia, o presidente do Sincoelétrico – Sindicato do
Comércio Varejista de Material Elétrico e Aparelhos Eletrodomésticos no Estado
de São Paulo, Marco Aurélio Sprovieri Rodrigues, além de diretores das empresas
recicladoras Apliquim Brasil Recicle, Naturalis Brasil e Ambiensys/Bulbox.
A segunda parte do evento, na
tarde do dia 4 e no dia 5, foi exclusiva para associados da ABilumi, que,
juntamente com engenheiro ambiental e consultor internacional Marcus Spitzbart,
do Instituto KERP, centro de competência de gestão ambiental de Viena
(Áustria), discutiram diversas alternativas de solução de logística reversa de
lâmpadas para o Brasil.
Para Alexandre Cricci, presidente
da entidade, “Logística Reversa não dá para resolver sozinho. É preciso
envolver as empresas, o distribuidor, o varejista, o poder público, o
judiciário, os órgãos ambientais, a cadeia de reciclagem, o consumidor final e
a imprensa, daí a decisão de promover este encontro para trocarmos informações
e construirmos juntos este caminho”.
Segundo Cricci, nos últimos anos
a ABilumi atuou de forma propositiva junto ao Conama, para estabelecer um marco
legal. “Nesse período, a entidade saiu a campo para ações mais práticas,
identificou lacunas legais em relação aos pontos de coleta, ao transporte e até
mesmo em relação ao processo de destinação final das lâmpadas, mas a falta de
regulamentação específica produz uma insegurança jurídica muito grande para os
envolvidos em toda a cadeia produtiva, e agora, depois da promulgação da
Política Nacional de Resíduos Sólidos, a sociedade exige um avanço
institucional”.
Um dos pontos analisados pelos
participantes do evento foi o estabelecimento de um Acordo Setorial, com regras
baseadas nas suas características específicas, mas sempre com o controle e
fiscalização do poder público e sociedade. A ABilumi, assim como outras
entidades correlatas, ainda são sabe como isto vai ser implementado. Mas se a
responsabilidade de cumprir com o Acordo Setorial não cobrir todos os
participantes do setor de lâmpadas, este será um ponto negativo. “Se for
possível que alguém ofereça ao mercado uma lâmpada sem garantia de logística
reversa e destinação ambientalmente adequada, haverá uma concorrência desleal,
tirando a capacidade de competir das empresas que investirem nesta idéia. A
chave do sucesso para a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos e
da logística reversa é buscar a adesão de todo o mercado, e encontrar esta
fórmula é o grande desafio do governo e de todos os que participam da cadeia”,
admite Alexandre Cricci.
É importante salientar que todo o
processo de coleta, transporte e destinação final das lâmpadas não é coberto
pela venda dos produtos que são recuperados. É assim que acontece no mundo
inteiro. O custo da logística reversa (destinação correta e descontaminação),
hoje, está por volta de R$1,00 (um real) por lâmpada, independente do tipo da
lâmpada, e este custo faz parte da composição do preço do produto final. As
empresas estão buscando racionalizar todo o processo para que o custo para o
consumidor final seja o menor possível.
Para o especialista Markus
Spitzbart, embora existam lições a serem aprendidas com os EUA e Canadá, o
benchmark para o Brasil é a Europa. “O consumidor europeu é mais consciente e
exigente. Eles já trabalham com coleta seletiva e destinação adequada há
décadas e as práticas das empresas já estão suficientemente testadas e
implantadas”, afirmou. Em sua apresentação, Spitzbart mostrou alguns resultados
e a forma como o assunto tem sido conduzido em alguns países, entre eles
Alemanha, Hungria e Suécia. Um dos cases apresentados foi o exemplo da Cidade
de Gotemburg, na Suécia, com as diversas etapas e o processo lá implementado.
Para ele, os maiores desafios para encontrar o caminho certo passam pela
harmonização dos interesses entre produtores/importadores e recicladores, pelo
trabalho com modelos e setores empresariais diferentes, pela sensibilização dos
grupos afetados, pela adequada execução da destinação final e pela fiscalização.
Para o vice-presidente da
ABilumi, Richard de Albanesi, foram dois dias muito produtivos que ajudarão a
ABilumi a construir, junto com entidades do comércio e governo, um plano de
Logística Reversa viável para o Brasil. “Trouxemos conhecimento do mercado
europeu pois é grande o desafio de desenvolver alternativas que não afetem o
consumidor e nem o meio ambiente”.