Produção dos Sonhos insere gás carbônico (CO2 ) na fabricação de poliuretanos

Um dos vilões do aquecimento global está próximo de trocar de papel

O novo projeto da Bayer, Produção dos Sonhos, trabalha em sua planta piloto em Leverkusen, Alemanha, para mudar o desfecho do ciclo do gás carbônico. Com incentivos do governo e parcerias, a Bayer já esta realizando testes com a substância, usando-a como matéria-prima para a produção de poliuretanos e dando utilidade para o resíduo que é um dos principais culpados pelo efeito estufa.

O projeto tem a empresa de energia RWE como responsável pelo fornecimento do gás carbônico utilizado no processo e ainda conta com outros parceiros – RWTH Aachen University, que presta consultoria ambiental e financeira, e o Centro Catalítico (CAT), que é dirigido conjuntamente pela RWTH Aachen University – e a Bayer, que trabalhou por mais de quatro décadas para conseguir encontrar um catalisador adequado para esta produção. O desenvolvimento de catalisador específico é a chave do processo a fim de que seja exigida menor quantidade de energia de ativação para que a conversão do gás carbônico em polióis policarbonato poliéter (PPPs) seja viável.

Estes novos catalisadores promovem um mecanismo molecular diferente para as reações químicas, aumentando sua velocidade e diminuindo a energia de ativação, sem serem consumidos durante o processo. Avanços nas pesquisas relativas à utilização da tecnologia catalítica em escala laboratorial tornaram possível a utilização eficiente do gás carbônico, transformando-o em poliuretanos que podem ser usados de diversas maneiras em nosso cotidiano. Os responsáveis pelos avanços nessa área são os cientistas da Bayer e do CAT, que recebem verbas federais no valor de cerca de 5 milhões de euros para serem alocadas no orçamento do projeto Produção dos Sonhos, que somado aos investimentos da Bayer e da RWE, chega a quase 9 milhões de euros.

A planta piloto já entrou em funcionamento para testar o processo em escala técnica, ou seja, na utilização de quilos de gás carbônico. Nessa reação, o gás carbônico, proveniente da separação dos gases de combustão feita no purificador de CO2 do Centro de Inovação em Carvão da RWE, é convertido num precursor químico, pelo uso de um catalisador específico, para a fabricação de poliuretanos. Neste projeto, a Universidade de Aarchen é responsável pela avaliação das etapas do processo do ponto de vista ecológico e econômico, comparando-o com os processos e produtos convencionais.

São iniciativas como esta que apresentam soluções para os desafios de um mundo cada vez mais focado em práticas ambientalmente sustentáveis e que podem minimizar um dos problemas mais alarmantes que o planeta tem enfrentado nas últimas décadas: o aquecimento global. Outro fator relevante que este novo processo nos apresenta, é o fato de que o petróleo, que hoje é o principal elemento para a obtenção de carbono para a indústria química, ganha um possível substituto para atender a este tipo de demanda do setor, fortalecendo ainda mais o viés sustentável do projeto. Além disso, o gás carbônico passa a ser enxergado como um recurso a ser utilziado e não mais como um resíduo ou poluente a ser tratado.

Desta forma, podemos passar a considerar fechado o ciclo do dióxido de carbono em termos de produção industrial, nas plantas que adotarem tecnologias de reutilização do composto químico, como a planta piloto da Bayer em Leverkusen. Segundo Dr. Mauro dos Santos de Carvalho, professor do Instituto de Química da UFRJ, “este tipo de produção poderá ainda ser aplicado para a obtenção de outros materiais além do poliuretano, que por si só já representa um grande passo para indústria, à medida que democratiza e expande a produção do material, que passa não depender mais da queima de combustíveis fósseis”. O poliuretano é um material de uso versátil: diariamente nos deparamos com ele na forma de vernizes, colas, pneus, assentos de automóveis ou na utilização como isolantes térmicos em construções civis. Sua utilização em larga escala e de forma sustentável traz grandes benefícios para a sociedade: quando usado, por exemplo, para fazer o isolamento térmico de edifícios, a aplicação do poliuretano pode promover a economia de 70 vezes mais energia do que a utilizada na sua produção.

Com o esperado sucesso dos testes realizados nessa planta piloto, a produção de plásticos obtidos a partir do gás carbônico em escala industrial deve ser iniciada em 2015. Este projeto da Bayer incentiva a indústria a buscar alternativas ambientalmente sustentáveis e a direciona para um caminho de esperança na utilização consciente dos recursos do planeta que, segundo estatísticas do Programa Ambiental da ONU, emitiu 45 gigatoneladas de CO2 na atmosfera em 2005, podendo ultrapassar a quantia de 56 gigatoneladas em 2020.

Fonte:http://www.bayer.com.br/scripts/pages/pt/produo_
dos_sonhos_insere_co2_na_fabricacao_de_poliuretanos.php

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