Há dois anos, o flutuador, um
equipamento desenvolvido para medir a poluição dos rios, percorreu toda a
extensão do Rio Tietê, em São Paulo.
Esta experiência
está sendo repetida. A ideia é comparar os resultados de agora com a situação
encontrada na primeira viagem. E já dá pra ver que ainda há muito o que fazer
para salvar o Rio Tietê.
A viagem começa a 16 quilômetros da nascente. O
flutuador, um aparelho desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas
para medir a quantidade de oxigênio na água, vai percorrer 550 quilômetros, o
mesmo percurso feito há dois anos, na primeira expedição. No início, o nível de
oxigênio é bom, mas logo piora.
Em Mogi das Cruzes, o Tietê já é um rio quase morto,
mas é com ele que os produtores de hortaliça contam. “Infelizmente, tem que
usar água do Rio Tietê”, conta um produtor.
Em troca, devolvem adubos e defensivos agrícolas que
escoam por esses canais.
O rio recebe também esgoto por onde passa e muito
lixo. Dan Robinson, que conduz o flutuador, chega a encalhar e faz as imagens
mostradas em vídeo com a câmera do remo: "Está cheio de lixo, garrafa pet,
bola, isopor, muita coisa aqui".
Entre Guarulhos e São Paulo, o rio vira depósito de
carcaças de carros. A equipe de reportagem contou 47. Mais a frente, um
afluente carrega muito entulho. Nas calçadas, tem mala, vaso sanitário, tudo à
espera da primeira enxurrada para chegar ao rio. “Não poderia acontecer isso.
Para isso existe lixeira”, diz uma mulher.
Em São Paulo, o Tietê agoniza. O índice de oxigênio é
péssimo, o mesmo quadro de 2009. É tanta sujeira que vai parar no Tietê, que só
com material encontrado num local é possível montar uma sala: sofá, TV, mesa de
centro. Difícil é se sentir à vontade nele.
Um funcionário que trabalha na limpeza do rio lamenta
o descaso da população: “a gente luta de um lado, e o pessoal suja do outro”.