Engenheiro rio-grandino cria máquina que despolui ambientes hídricos



Aerovor pode ser usado no tratamento de efluentes industriais, piscinas, estações de tratamento de esgotos, tanques, rios e lagos.


Conforme o engenheiro, no meio hídrico o que dá vida é o oxigênio dissolvido - o mesmo da atmosfera, mas em estado dissolvido e limitado ao nível da saturação, como todos os elementos dissolvidos na água. Quando a água é poluída, fica com deficiência desse recurso, o que pode ocasionar a morte, por asfixia, dos seres aquáticos que o habitam. Proporcionando OD ao ambiente degradado, este retoma suas condições ambientais regulares, resolvendo o problema da poluição.Com base neste conhecimento, ele criou o Aerovor, uma máquina que produz o oxigênio dissolvido, misturando o ar, que tem 20% de oxigênio, com água limpa ou suja. Ela faz a mistura molecular intensiva do oxigênio no nível de saturação e o fluxo (OD) resultante é descarregado na parte inferior do equipamento e, através de um difusor, dispersado no meio hídrico da forma mais abrangente possível. É um equipamento de baixo custo por utilizar energia disponível na natureza, como a gravidade, vórtice (redemoinho), força centrípeta, e uma pequena parcela de energia elétrica externa gerada por uma bomba.O Aerovor é um equipamento metálico, sem peças móveis, construído em aço inox, que utiliza os princípios da mecânica de fluidos e as forças naturais para interagirem com os fluxos a serem misturados. Neste caso, os fluxos são a água, captada no meio hídrico em tratamento, e o ar, para gerar oxigênio dissolvido. Os outros elementos que compõem o ar formam, nesse mesmo processo de mistura, um fluxo de microbolhas. As microbolhas acompanham o fluxo disperso pelo difusor, que fica mergulhado no meio hídrico.

O OD propicia a oxigenação e oxiredução dos elementos dissolvidos que estão na água, normalmente pesados, os quais ficam visíveis, podendo precipitarem lentamente no fundo. Uma vez visíveis, eles podem ser separados. Conforme João Ivo, a oxigenação atende as demandas químicas e biológicas decorrentes da poluição. Já o fluxo de microbolhas atua como agente flotador físico aerado para promover a coalizão de óleos, graxas e partículas sólidas leves, que por terem dimensões pequenas são insensíveis à filtração e a decantação. Assim, passa a formar a escuma ou a reunião desses sólidos na superfície do líquido. Ficando visíveis, esses sólidos também podem ser removidos. Com estas duas ações, a água volta a ficar limpa.

Recuperar os meios hídricos poluídos, como lagos e rios, devolvendo-lhes suas condições originais, é o que faz um equipamento inventado pelo engenheiro mecânico, hidráulico e de saneamento, João Ivo Avelandra de Souza, 71 anos, de Rio Grande. O invento, já registrado no Instituto Nacional de Patentes Industriais (INPI), transforma o oxigênio atmosférico em oxigênio dissolvido (OD), que é o necessário no meio hídrico, e o distribui no ambiente contaminado, devolvendo-lhe vida.
Em atividade, o Aerovor opera acima da superficie, podendo ser instalado em um suporte flutuante ou ser suspenso por alguma estrutura. Dependendo do tamanho do ambiente a ser tratado, se faz necessário o uso de mais de uma destas máquinas.

Aplicação
 

João Ivo observa que essa máquina pode ser usada para tratamento de efluentes industriais, piscinas, estações de tratamento de esgotos, tanques, rios e lagos. Outros variados usos estão em pesquisa. E vêm sendo vendida para empresas de Rio Grande, São Paulo, Santa Catarina, Bahia e Rio de Janeiro, entre outras. Em Rio Grande, já é empregada na limpeza de efluentes em indústrias de pesca. Atualmente, a empresa de João Ivo, a Flumixin,está elaborando estudos para instalação de um sistema Aerovor na Cetrel (Central de Tratamento de Efluentes Líquidos) do Polo Petroquímico de Camaçari (Bahia).

O engenheiro diz que sua esperança é que, com este aparelho, aumente o interesse das empresas e instituições públicas nas ações de despoluição. Com o Aerovor, segundo ele, há possibilidade de se tratar de esgotos, por exemplo, de forma mais econômica, uma vez que ele utiliza apenas 20% da energia elétrica usada por outras máquinas similares. Além disso, essa máquina não usa produto químico e dispensa serviço de manutenção.

A fabricação

O equipamento é fabricado em instalações próprias da Flumixin, situadas na localidade de Senandes. A fabricação do aparelho gera emprego direto para 12 pessoas. O invento é fruto de nove anos de pesquisa e vem sendo comercializado há quatro anos. João Ivo diz que os bons resultados obtidos com aplicações deste equipamento tem gerado interesse de empresas e instituições que desejam aproveitar as vantagens da nova tecnologia para tratar seus efluentes, contribuindo para a preservação ambiental.
O engenheiro ressalta que a grande expectativa é melhorar as condições sanitárias da população. Segundo ele, em torno de 70% dos municípios brasileiros têm população inferior a 3 mil habitantes e por isso são economicamente prejudicados para terem seus esgotos tratados pelos sistemas tradicionais. "Em função disso, suas populações ficam convivendo com os malefícios dessa poluição ambiental, que fragiliza a saúde pública", observa.
Carmem Ziebell
Por Carmem Ziebell
carmem@jornalagora.com.br

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