Dr. Dirceu Rodrigues
Alves Júnior
É assustador o que se vê no trânsito hoje em dia.
É a máquina sobre rodas
virando escudo e arma ao mesmo tempo. Falta educação, gentileza, cordialidade e
cidadania. Mas existem alguns comportamentos que assustam, intimidam e geram
insegurança a todos nós.
Vamos chamar de psicopatias ou
sociopatias o Transtorno de Personalidade Antissocial. Nessa condição nosso
motorista vê as pessoas como objeto. Ele é consciente, sabe o que está fazendo,
nunca identifica seu erro. Isso não tem cura, é um processo crônico, evolutivo.
Ele é capaz de atropelar um pedestre, dar uma fechada num outro veículo
causando dano pessoal e material e nem se importar com isso. Nunca sente remorso
dos erros e absurdos cometidos. É avesso a vida associativa.
O raciocínio, razão, emoção são
nulos.
Os loucos são tratáveis. São inconscientes,
não têm razão e são afogados por excesso de emoções.
Existem ainda os distúrbios
comportamentais ou comportamento antissocial gerados pelo uso do álcool e
drogas de maneira isolada ou crônica.
Álcool e drogas atuam no cérebro
alterando funções cognitiva (atenção, concentração, raciocínio, vigília),
motora (reflexos, movimentos coordenado) e sensório perceptivo (tato, audição,
visão).
Tanto um como outro agem deprimindo o
sistema nervoso central. Provocam distúrbios comportamentais, geram fatos
policiais e impreguinam o nosso trânsito.
Temos ainda, indivíduos portadores do
Transtorno Explosivo Intermitente (TEI). São aqueles chamados de “Pavio Curto”.
Trata-se de um quadro psiquiátrico em que o indivíduo perde “a estribeira”,
perde a tranquilidade e parte para o ataque. Faz escândalo, berra, grita,
xinga, faz ameaças, é capaz de destruir objetos, bater no veículo que
supostamente lhe incomoda sendo capaz de saltar e agredir fisicamente ou
através do que tiver nas mãos. Torna-se elemento extremamente perigoso porque
não tem limites. Naquele momento se acha pleno de razão. São esses que intimidam
as pessoas no trânsito.
O quadro aparece de maneira súbita,
inesperadamente diante do que julga ter sido agredido, ultrajado, explode com
esse distúrbio tornando-se extremamente perigoso diante do que julga ser o seu
algoz.
Interessante que após o fato
demonstra vergonha, arrepende-se e julga-se culpado.
Esse é o inimigo que mais vemos
presente no dia a dia do nosso trânsito, que gera violência, agressões e
desencadeia a “Fúria no Trânsito”.
É o elemento que sempre está na
defensiva e repentinamente, quase sempre sem motivo mais justo, parte para o
ataque enfurecido, da fechada, joga o farol alto, cola na traseira, tornando-se
um invasor da tranquilidade e do espaço alheio.
Fatores biológicos, psíquicos,
sociais e ambientais são os desencadeantes desse transtorno.
Há necessidade de se buscar auxílio
psicológico e psiquiátrico por conta própria e muitas vezes por orientação da
família que teme os momentos mais agudos das crises. Não podemos e não devemos
deixar tais quadros evoluírem e levarem os portadores a conflitos no trânsito
que podem chegar à prisão ou morte.
Dr. Dirceu Rodrigues Alves
Júnior
Diretor de Comunicação e do Departamento de
medicina de Tráfego Ocupacional da ABRAMET
Associação Brasileira de Medicina de Tráfego