O Rio de Janeiro
vai ganhar o primeiro bairro ecologicamente correto do país. Trata-se do
Distrito Verde, área com 240 000 metros quadrados localizada na Ilha de Bom
Jesus, ao lado do Fundão. Projetado para ficar pronto até 2014, o bairro vai
abrigar empresas especializadas em tecnologias sustentáveis, como a produção de
energia renovável. As diferenças começam logo na construção do Distrito. No
chão, o asfalto será produzido com o reaproveitamento de borracha. As ruas
serão iluminadas com lâmpadas econômicas de LED e os edifícios vão aproveitar a
energia solar e o biogás, gerado através da decomposição do lixo. No entorno,
extensas áreas verdes vão manter a temperatura agradável.
Próximo a linhas
expressas e ao aeroporto internacional, a área tem localização privilegiada.
Fica ao lado do Parque Tecnológico da UFRJ, que vai abrigar centros de pesquisa
de alta tecnologia. Reconhecida pela formação de engenheiros, médicos e outros
profissionais altamente qualificados, a universidade também fornecerá mão de
obra para as empresas que ali se instalarem. Além disso, pesa a favor a boa
vontade governamental, com o envolvimento de forças municipais e estaduais. À
frente do projeto está a professora Suzana Kahn, do Instituto de Pós-Graduação
e Pesquisa de Engenharia da universidade, a COPPE. Suzana conta que a
inspiração veio de Londres, onde uma área semelhante está em operação. "Em
uma visita à capital inglesa, vi que lá existe uma estrutura parecida com a que
temos na Ilha do Fundão", explica. "Ou seja, a presença do Estado,
universidades e empresas privadas".
O projeto está em
fase de estudo e a universidade realiza um levantamento das necessidades de
empresas que já estão instaladas no Parque Tecnológico. Haverá ainda critérios
para que as corporações interessadas possam ingressar na área dedicada à
economia verde. "A ideia é termos o projeto pronto para a Rio + 20",
conta Susana, em referência a conferência do meio ambiente a ser realizada na
cidade em junho de 2012. Conduzida pela ONU, contará com a participação de 190
delegações do mundo inteiro e acontece duas décadas após a Eco-92, marco na
discussão de governos e sociedade sobre desenvolvimento e meio ambiente.
A instalação de
empresas vai seguir cronograma planejado pela COPPE e duas multinacionais já
estão confirmadas. A multinacional americana General Eletric deve investir
cerca de 450 milhões de reais na região e a francesa L'Oreal mais 200 milhões.
Gigante do setor petroquímico, a Braskem é outra que está em negociação
avançada e poderá injetar 100 milhões de reais. Somente com essas empresas são
esperados a geração de 1000 empregos altamente qualificados no Rio. Bem
aplicadas, as cifras multimilionárias poderão transformar a cidade que sempre
foi conhecida por suas belezas naturais em polo da economia verde - fundamental
para o desenvolvimento no século XXI.