Daniel Mello, da Agência Brasil
Usando camisas verdes, levando faixas e cartazes, um grupo de
manifestantes reunidos por organizações ambientalistas pediu neste
domingo (20) que a presidenta Dilma Rousseff vete o texto do novo Código
Florestal. O grupo reuniu-se em frente ao Parque Ibirapuera, na capital
paulista, e seguiu em passeata por dentro do parque.
O texto que altera a legislação ambiental foi aprovado pela Câmara dos
Deputados no mês passado e a presidenta Dilma Rousseff tem até o próximo dia 25
para se manifestar pela sanção ou veto do projeto. O texto traz pontos
criticados pelos ambientalistas, como a redução dos parâmetros de proteção de
áreas de preservação permanente (APPs) e a possibilidade de anistia para quem
desmatou ilegalmente.
Para a coordenadora da Rede das Águas da organização não governamental
SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, o texto “desrespeita a característica da
função social da terra, como se, por um interesse econômico, fosse possível
anistiar pessoas que desmataram e degradaram”.
Ela acredita que a nova legislação pode prejudicar a imagem do Brasil na
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que
ocorre no mês que vem. “O Código Florestal é a mãe de toda a legislação
ambiental brasileira, e o Brasil não pode passar um vexame dessa envergadura
pré Rio+20”, disse Malu Ribeiro.
Para o secretário municipal do Verde e Meio Ambiente de São Paulo,
Eduardo Jorge, o novo código poderá prejudicar projeto em andamento, da
prefeitura, de criação de 20 parques lineares para proteger margens de rios. A
intenção é retirar famílias de áreas de risco e evitar enchentes. “Essa fórmula
nova, aprovada pelo Congresso, além de prejudicar a área rural, o Pantanal, o
Cerrado e a Amazônia, ignora completamente a questão urbana. Esse respaldo, que
nós temos do código antigo para criar os parques lineares, nós vamos perder”,
ressaltou.
O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) disse que há no Congresso uma
movimentação de deputados preocupados com a questão ambiental para criar uma
proposta de Código Florestal mais ligada a estudos e pesquisas científicas.
“Nós estamos pensando em elaborar uma proposta coletiva junto com a SBPC
[Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência]. Nós procurarmos uma
proposta que tenha bases científicas para que as alterações sejam feitas no
código para aperfeiçoá-lo e, não, para detonar as florestas brasileiras”,
disse.
(Agência Brasil)
Fonte: Mercado Ético