onde contei a história dessa Tartaruga
Gigante da subespécie (Geochelone
nigra abingdoni) que habitava a Ilha de Pinta, no Arquipélago de
Galápagos no Equador. O que fazia esse ser tão especial, cuja a idade
estimada era de aproximadamente 130 anos, era que ele era o último exemplar
vivo dessa subespécie. Na ápoca eu mencionei que com a sua morte se daria o
processo de extinção mais documentado da história, e isso aconteceu, Jorge o
Solitário como era conhecido morreu nessa semana, e assim chegou ao fim a
caminhada dessa subespécie.
O Jorge foi
visto pela primeira vez pelo biólogo americano Joseph Vagvolgyi, na Ilha
de Pinta, no dia 01 de Dezembro de 1971. Depois
disso Jorge foi remanejado para uma reserva ambiental, e todas as tentativas de
encontrar mais algum exemplar como ele foram frustradas, assim como as
tentativas de faze-lo acasalar com alguma fêmea de outra subespécie.
As tartarugas eram abundantes nas Ilhas Galápagos
até o final do século 19, quando começaram a ser caçadas por pescadores e
marinheiros, atraídos pela carne do animal, enquanto
seu habitat foi consumido por bodes que foram trazidos do continente, começando
assim seu processo de extinção. Cerca de 20 mil tartarugas gigantes
de outras subespécies ainda vivem nas ilhas. Vale lembrar que a observação
desses animais ajudou Charles Darwin a entender os processos de evolução, que
culminaram com a criação da sua teoria demonstrada no livro "A origem das espécies",
livro que se tornou um marco da ciência, responsável pela elucidação de vários
processos biológicos. Autoridades do parque de Galápagos afirmam que, com
a morte de Jorge, a subespécie de tartarugas Pinta se torna oficialmente
extinta.
COMOÇÃO
Sempre é muito triste
quando uma espécie, ou subespécie entra em extinção, principalmente quando isso
ocorre devido a ganância do ser humano.
A morte de George não foi apenas lamentada por
todo o arquipélago de Galápagos, no Equador, mas também por Fausto Llerena,
tratador de George durante quase três décadas.
Para o tratador, a dor da perda do "melhor amigo" ainda não
passou. A dedicação e a devoção que dispensava ao animal eram tamanhas que
foram reconhecidas pela direção do centro onde o quelônio morava, batizado de
Centro de Criação de Tartarugas Gigantes Fausto Llerena, na ilha de Santa Cruz.
Jorge e Llerena
No
último domingo, quando o tratador de 72 anos foi visitar seu amigo, como
fazia todos os dias livres, notou algo de errado. George não foi recebê-lo
como de costume e foi encontrado já sem vida em seu recinto.
Segundo
o tratador, a tartaruga tinha "uma personalidade complexa" e
"somente aceitava três pessoas em sua jaula por vez. Caso contrário, se
retirava do recinto. Se o visitante estivesse sozinho, aí mesmo é que ele
ficava mais tempo", afirmou Llerena.
Os
cientistas lutaram para evitar a extinção da subespécie e tentaram, por
diversas vezes, cruzar George com fêmeas de características genéticas
semelhantes. O sonho estava a ponto de ser concretizado 15 anos depois,
quando uma fêmea com que a tartaruga acasalou, finalmente, pôs ovos. Mas eles
não eram férteis.
Embora
tenha morrido sem produzir descendentes, George deixou um legado pela luta da
conservação das espécies de tartarugas. Agora o corpo de Jorge será
embalsamado para apreciação de gerações futuras, e será realizado um
seminário internacional para que sejam propostas medidas para a conservação
da vida animal.
Infelizmente
Jorge se foi, e tomara que a ganancia e a vontade de destruir e matar dos
seres humanos também vá um dia, pois cada ser que nós extinguimos é um passo
a mais rumo a nossa própria extinção.
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