fonte: paraiba.com.br
Awá (Amazônia)
A ONG Survival International lançará nesta quarta (25) uma nova campanha para
atrair a atenção mundial às ameaças que a tribo indígena amazônica Awá, que tem
pouco contato com outras culturas, vem sofrendo nos últimos tempos por conta de
pistoleiros, madeireiros e fazendeiros. O ator britânico Colin Firth, ganhador
do Oscar pelo filme “O Discurso do Rei”, será a estrela da iniciativa e pedirá
ao governo brasileiro para proteger a tribo, em um vídeo que será publicado no
dia de lançamento da campanha.
“Um homem pode parar isto – o
ministro da Justiça do Brasil. Ele pode mandar policiais para deter os
madeireiros, mas agora essa simplesmente não é a prioridade dele”, declara o
ator no vídeo, segundo adiantou o jornal “The Guardian”. “Devemos mudar isso
antes que seja tarde. Precisamos de pessoas para noticiá-lo… Você, eu, nossos
amigos e familiares. Esta é a nossa chance, agora, de fazer algo. Se as pessoas
mostrarem que se importam, vai funcionar”, continua Colin Firth em seu
discurso.
VEJA DEPOIMENTOS DE ÍNDIOS AWÁ
Focada na defesa de tribos indígenas, a Survival International
acredita que os Awá são hoje a tribo mais ameaçada em âmbito global. “Decidimos
lançar esta campanha, porque a situação dos Awá é crítica e, se nenhuma medida
for tomada, eles não vão sobreviver”, afirmou Sarah Shenker, organizadora da
iniciativa no Brasil, em entrevista ao UOL.
Segundo ela, a ONG acompanha a tribo há mais de 40 anos. Hoje,
os Awá contam 360 índios em contato com outras culturas e entre 60 e 100 índios
sem contato algum com outras culturas. “A pequena população faz com que estejam
particularmente ameaçados, e alguns especialistas brasileiros falam em
genocídio. Foram os próprios Awá que pediram para a Survival ajudar a divulgar
sua situação e pressionar as autoridades a agir de forma rápida.”
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Em um relato à organização, Pire’i Ma’a, integrante da tribo,
afirmou que os fazendeiros “estão derrubando madeira e vão destruir tudo.
Macacos, antas, os animais estão todos fugindo e não sei como vamos comer”. Os
Awá são nômades e vivem da caça de animais. “Esta terra é minha, é nossa. Eles
podem voltar para a cidade, mas nós vivemos na floresta. Eles vão matar tudo e
nós vamos ficar com fome, assim como nossas crianças”, contou.
Shenker afirmou que as primeiras denúncias de massacre dos Awá
surgiram na década de 1970, após a descoberta de minas de ferro na região da
tribo, o que levou muitos madeireiros a desmatar a floresta e atacar os índios.
Em 1975, pistoleiros atacaram um grupo de Awá que não mantinha
contato com outras culturas. Eles mataram vários índios e capturaram um garoto.
O pai dele, Karapiru, conseguiu escapar e passou 12 anos sozinho na selva até
chegar a um vilarejo. Ele então conseguiu encontrar o único sobrevivente do
massacre além dele –seu próprio filho.
Hoje, Karapiru vive no vilarejo Awá de Tiracambu com a nova
mulher e uma filha. À Survival, ele contou que foi um milagre conseguir
escapar. “Eles mataram minha mãe, meus irmãos e irmãs e minha mulher. Eu fui
baleado, mas não consegui ver a ferida e tratá-la. Foi incrível eu escapar. Fiquei
um bom tempo na floresta, com fome e fugindo de pistoleiros. Espero que quando
a minha filha cresça, ela não enfrente os mesmo problemas. Espero que tudo seja
melhor para ela.”
Em janeiro deste ano, o Ministério Público Federal decidiu
investigar a denúncia de que uma criança indígena Awá foi queimada viva por um madeireiro no
interior do Maranhão. A Fundação Nacional do Índio declarou à época
que se tratava de um “boato”.
Procurados pelo UOL, a Funai e
o Ministério da Justiça não se manifestaram a respeito do lançamento da
campanha.