Por Bruno Rezende.
Desde à tarde da última terça-feira (19), quando o documento final da Rio+20 (Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável) foi aprovado pelas delegações dos 193 países que integram a ONU, o nome Rio=20 não saiu da minha cabeça. Quase nada mudou neste documento em relação há 20 anos, na Eco92. Metas ou números não foram definidos, contamos apenas com promessas que deixam um simplista otimismo como legado desta conferência.
Ser otimista é essencial e indispensável, mas o otimismo deveria ser banido da esfera política mundial. Usar esta forma positiva de encarar problemas como mero conceito para driblar importantes decisões, que em longo prazo vão afetar toda a raça humana, é hediondo.
O documento final da Rio+20, intitulado O Futuro que Nós Queremos, já está disponível para download na página oficial da conferência. Trata-se de um grande apanhado de promessas que ninguém sabe ao certo como serão cumpridas pelos mais de 190 países que as adotaram.
Destaco abaixo 3 impasses cruciais que interferem no tema principal da conferência, o desenvolvimento sustentável.
ECONOMIA VERDE
Países ricos e pobres têm visões distintas sobre a definição deste termo. Os países ricos apóiam a ideia de uma produção verde, utilizando de tecnologias limpas que garantam o crescimento econômico sustentável. Por outro lado, os países mais pobres defendem que a economia verde deve servir ao desenvolvimento sustentável, ajudando a reduzir as desigualdades sociais através da erradicação da miséria, melhorando a qualidade de vida das pessoas e garantindo acesso justo aos recursos mínimos para sobrevivência, como ar limpo, água potável e alimentos.
Acredito que a visão dos países pobres é a mais coerente. Além disso, é preciso repensar o consumismo. É impossível se falar em desenvolvimento sustentável, economia verde ou qualquer outro termo sem tocar nessa ferida provocada pelo capitalismo.
Para entender melhor o impasse da economia verde, indico a leitura destes dois excelentes artigos do professor Leonardo Boff: Economia Verde vs. Economia Solidária e Economia Verde: sim e não
O FUNDO VERDE
A ideia de se criar um fundo de 30 bilhões de dólares que ajudaria países mais pobres na implantação de soluções para o desenvolvimento sustentável foi por água abaixo na Rio+20. Os ricos: Estados Unidos, Canadá, Japão e União Européia rejeitaram a proposta. A desculpa todos sabem: a atual crise econômica. Mas se não fosse por isso inventariam qualquer outra desculpa.
Só para constar, de acordo com um relatório do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) seria necessário um investimento de 2% do PIB mundial - US$ 1,3 trilhão por ano - em setores que vão de pesca, agricultura, transporte e construção a indústria, energia e resíduos em países mais pobres.
MAIS FORÇA AO PNUMA
Infelizmente não houve um acordo para aumentar a autoridade ao PNUMA. Se suas verbas e poder fossem similares a de organizações como a UNESCO ou a OMC o PNUMA teria autoridade necessária para fazer valer todos os acordos ambientais assinados internacionalmente ano após ano. Seria um ótimo órgão fiscalizador que poderia cobrar as ações prometidas por cada país que assinou a declaração final da Rio+20, mas é claro que ninguém que se comprometer.
Eu poderia citar outros pontos polêmicos em relação à preservação ambiental que provocaram a revolta, com toda razão, de muitas ONGs e ambientalistas, como por exemplo, a absurda indefinição sobre a preservação da biodiversidade em águas internacionais. Mas sem querer deixar o meio ambiente de lado, acho mais urgente debater a raiz do problema, a economia global e o desenvolvimento sustentável. Se não chegarmos a um consenso com relação a isso, a decisão de se preservar qualquer área poderá ser eficaz, mas provisória e ineficiente em longo prazo.
Em sã consciência é difícil acreditar que tais promessas assinadas pelos países na declaração final da Rio+20 sejam cumpridas. Não sou o único que divide esta opinião e que está decepcionado com a inércia global vista na conferência. Vale conferir este post com o depoimento do parceiro Diêgo Lobo, do blog E Esse Tal Meio Ambiente.
Fica claro que a mudança não virá através de promessas políticas otimistas, mas de pessoas comuns, como eu e você, que estão buscando uma consciência mais igualitária, solidária e desprendida dos destrutivos valores consumistas que nos cercam.
O otimismo é primordial, mas sem ação ele vira utopia. Fonte: Coluna Zero
Ser otimista é essencial e indispensável, mas o otimismo deveria ser banido da esfera política mundial. Usar esta forma positiva de encarar problemas como mero conceito para driblar importantes decisões, que em longo prazo vão afetar toda a raça humana, é hediondo.
O documento final da Rio+20, intitulado O Futuro que Nós Queremos, já está disponível para download na página oficial da conferência. Trata-se de um grande apanhado de promessas que ninguém sabe ao certo como serão cumpridas pelos mais de 190 países que as adotaram.
Destaco abaixo 3 impasses cruciais que interferem no tema principal da conferência, o desenvolvimento sustentável.
ECONOMIA VERDE
Países ricos e pobres têm visões distintas sobre a definição deste termo. Os países ricos apóiam a ideia de uma produção verde, utilizando de tecnologias limpas que garantam o crescimento econômico sustentável. Por outro lado, os países mais pobres defendem que a economia verde deve servir ao desenvolvimento sustentável, ajudando a reduzir as desigualdades sociais através da erradicação da miséria, melhorando a qualidade de vida das pessoas e garantindo acesso justo aos recursos mínimos para sobrevivência, como ar limpo, água potável e alimentos.
Acredito que a visão dos países pobres é a mais coerente. Além disso, é preciso repensar o consumismo. É impossível se falar em desenvolvimento sustentável, economia verde ou qualquer outro termo sem tocar nessa ferida provocada pelo capitalismo.
Para entender melhor o impasse da economia verde, indico a leitura destes dois excelentes artigos do professor Leonardo Boff: Economia Verde vs. Economia Solidária e Economia Verde: sim e não
O FUNDO VERDE
A ideia de se criar um fundo de 30 bilhões de dólares que ajudaria países mais pobres na implantação de soluções para o desenvolvimento sustentável foi por água abaixo na Rio+20. Os ricos: Estados Unidos, Canadá, Japão e União Européia rejeitaram a proposta. A desculpa todos sabem: a atual crise econômica. Mas se não fosse por isso inventariam qualquer outra desculpa.
Só para constar, de acordo com um relatório do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) seria necessário um investimento de 2% do PIB mundial - US$ 1,3 trilhão por ano - em setores que vão de pesca, agricultura, transporte e construção a indústria, energia e resíduos em países mais pobres.
MAIS FORÇA AO PNUMA
Infelizmente não houve um acordo para aumentar a autoridade ao PNUMA. Se suas verbas e poder fossem similares a de organizações como a UNESCO ou a OMC o PNUMA teria autoridade necessária para fazer valer todos os acordos ambientais assinados internacionalmente ano após ano. Seria um ótimo órgão fiscalizador que poderia cobrar as ações prometidas por cada país que assinou a declaração final da Rio+20, mas é claro que ninguém que se comprometer.
Eu poderia citar outros pontos polêmicos em relação à preservação ambiental que provocaram a revolta, com toda razão, de muitas ONGs e ambientalistas, como por exemplo, a absurda indefinição sobre a preservação da biodiversidade em águas internacionais. Mas sem querer deixar o meio ambiente de lado, acho mais urgente debater a raiz do problema, a economia global e o desenvolvimento sustentável. Se não chegarmos a um consenso com relação a isso, a decisão de se preservar qualquer área poderá ser eficaz, mas provisória e ineficiente em longo prazo.
Em sã consciência é difícil acreditar que tais promessas assinadas pelos países na declaração final da Rio+20 sejam cumpridas. Não sou o único que divide esta opinião e que está decepcionado com a inércia global vista na conferência. Vale conferir este post com o depoimento do parceiro Diêgo Lobo, do blog E Esse Tal Meio Ambiente.
Fica claro que a mudança não virá através de promessas políticas otimistas, mas de pessoas comuns, como eu e você, que estão buscando uma consciência mais igualitária, solidária e desprendida dos destrutivos valores consumistas que nos cercam.
O otimismo é primordial, mas sem ação ele vira utopia. Fonte: Coluna Zero