PROTEÇÃO CONTRA QUEDA: FALHA NÃO É UMA OPÇÃO


Por Ed Bickrest, gestor de comunicações de marketing da marca Miller de proteção antiqueda, Honeywell Safety Products – Estados Unidos.
Adaptado por: Mayra Villaboim – Especialista de Produtos – América Latina  e Marcos Amazonas, Gerente Técnico - Honeywell Produtos de Segurança.
“Este artigo foi publicado pela revista americana EHS Today, um importante veículo de comunicação na área de segurança e saúde ocupacional. OSHA é a norma regumalentadora americana, sua equivalente no Brasil são as NRs onde a NR35 regulamenta o trabalho em altura”. 

COM TRABALHO EM ALTURA ERROS PODEM SER FATAIS 
Aqui estão os seis principais erros realizados na proteção de queda que podem ser fatais para os trabalhadores.
Apesar dos programas especiais de ênfase da OSHA e equipamentos de proteção de queda cada vez mais sofisticados, quedas em altura permanecem um desafio sério de segurança ocupacional. Em 2006, a Bureau of Labor Statistics [Agência de Estatísticas Laborais] (BLS) relatou que lesões fatais no trabalho envolvendo quedas aumentaram 5 por cento após uma grande redução em 2005. As 809 quedas fatais em 2006 representam o terceiro total mais alto desde 1992, quando o censo de fatalidade iniciou. As quedas fatais de telhados aumentaram de 160 fatalidades em 2005 para 184 em 2006, um aumento de 15 por cento.
As quedas de escadas e telhados ainda são responsáveis pela maioria das quedas. Fatalidades ocupacionais causadas por quedas permanecem sendo um problema grave de saúde pública. O Departamento do Trabalho dos EUA (DOL) relaciona as quedas como uma das causas líderes de mortes ocupacionais traumáticas, sendo responsável por 8 por cento das fatalidades ocupacionais causadas por trauma.
As quedas são as causas mais frequentes de fatalidades em locais de construção civil e anualmente são responsáveis por uma de cada três mortes relacionadas à construção civil. De acordo com os dados preliminares de 2007 da Bureau of Labor Statistics (BLS), houve, no mínimo, 442 fatalidades com trabalhadores da construção civil durante 2007 resultantes de quedas advindas de todas as causas.


 PROTEÇÃO CONTRAQUEDA: FALHA NÃO É UMA OPÇÃO 
Deste total, quedas de telhados são uma preocupação específica nas construções e a causa mais frequente de quedas fatais na construção civil em 2007. Na realidade, a BLS relata que de 2003 a 2007, as quedas de telhados de trabalhadores da construção civil resultaram em 686 fatalidades.
Identificar riscos de quedas e decidir como melhor proteger os trabalhadores é a primeira etapa na redução ou eliminação de riscos de quedas. A OSHA determina que sempre que um trabalhador está a uma altura de 4 pés ou mais, o trabalhador corre risco e precisa ser protegido. No Brasil, a norma regulamentadora exige proteção a partir de 2m.  
PROTEGER TRABALHADORES   
Há um número de maneiras de proteger os trabalhadores contra quedas, incluindo sistemas convencionais como: sistemas de retenção de queda, sistemas de posicionamento e sistemas de restrição (PFAS), bem como a utilização de práticas e treinamento de  segurança no trabalho. A utilização de linhas de advertência, áreas designadas, zonas de controle e sistemas similares são permitidos pela OSHA em algumas situações e podem oferecer proteção limitando o número de trabalhadores expostos e instituindo métodos e procedimentos de segurança no trabalho. Estes sistemas alternativos podem ser mais adequados que sistemas de proteção de queda convencionais ao realizar determinadas atividades.
Ao realizar uma análise de risco ou ao desenvolver um plano abrangente de desenvolvimento de proteção de queda, pensar nos riscos antes de iniciar o trabalho auxiliará a gerir os riscos de queda e concentrar a atenção em prevenção. Se sistemas pessoais de proteção de queda são utilizados, atenção particular deve ser dispensada ao identificar pontos de ancoragem e garantir que os trabalhadores saibam como utilizar adequadamente e inspecionar o equipamento.

Dicas de Proteção de queda da OSHA 
- Identificar todos os potenciais de queda no mesmo nível e riscos de queda de altura antes de iniciar o trabalho.
- Procurar por riscos de queda como aberturas no piso não protegidas/ bordas, cabos, claraboia, poços de escadas e aberturas no telhado/bordas.
- Inspecionar o equipamento de proteção de queda para identificar defeitos antes da utilização.
- Selecionar, vestir e usar o equipamento de proteção de queda adequado para a tarefa.
- Prender e estabilizar todas as escadas antes de subir nelas.
- Jamais subir no último degrau de uma escada.
- Utilizar os corrimões ao subir ou descer escadas.
- Execitar boas práticas em manutenção adequada.
- Manter cordas, cabos de solda e mangueiras de ar afastadas de passagens ou áreas de trabalho próximas.

COMPONENTES DOS SISTEMAS PESSOAIS DE RETENÇÃO DE QUEDA 
 Há três componentes principais (ancoragem/dispositivo de ancoragem, cinturões e dispositivo de conexão) de um Sistema Pessoal de Proteção de Queda (PFAS) que devem ser implementados e adequadamente utilizados para oferecer a máxima proteção ao trabalhador.
Individualmente, estes componentes não oferecerão proteção contra uma queda. No entanto, quando utilizados adequadamente e em conjunto com os demais , estes formam um PFAS que se torna de importância vital para a segurança no trabalho.
Seis principais erros recorrentes na proteção de queda foram identificados. Do menos importante ao mais importante, estes são:

ERRO NO. 1:  NÃO UTILIZAR EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO DE QUEDA 

A necessidade de consistência ao utilizar proteção de queda frequentemente é ignorada. É importante possuir um plano e implementá-lo, e isto significa utilizar o equipamento de proteção de queda diariamente. O plano deve incluir identificação e avaliação dos riscos de queda e sua eliminação, se possível; a utilização dos sistemas de proteção de queda para prevenir ou controlar quedas quando os riscos não podem ser eliminados; garantindo que os trabalhadores recebam treinamento de proteção de quedas; e inspecionar e manter o equipamento.

ERRO NO. 2: QUAL A POSIÇÃO CORRETA DE INSTALAÇÃO? 
Embora mais trabalhadores atualmente estão utilizando mecanismo de proteção de quedas, estes nem sempre são utilizados corretamente. Em muitos casos, os trabalhadores utilizam os cinturões muito soltos.
A utilização inadequada dos cinturões é um grande erro, muitas empresas também compram equipamento incorreto para aplicações específicas. Um exemplo comum é que muitas empresas compram talabartes para absorção de choque e os utilizam em áreas com zona de livre queda insuficiente. Uma linha de vida retrátil ou um limitador de queda deve ser utilizado em determinadas circunstâncias.

ERRO NO. 3: SABER QUANDO A VIDA ÚTIL EXPIROU 
Saber quando um produto deve ser retirado de serviço é essencial para a segurança, do trabalho. O equipamento deve ser inspecionado regularmente e retirado de serviço se este apresentar desgaste.
Utilizar equipamento cuja vida útil expirou, especialmente linhas de vida, é um potencial erro fatal.
Adotar uma “Política Inteligente”: Se estiver em dúvida, descarte-o. O benefício de uma semana ou mês extra de serviço não vale o risco.
 Uma das poucas coisas a serem incluídas na inspeção são desgastes, cortes e partes metálicas deformadas. Também, a exposição ao calor e a produtos químicos podem causar danos. Sinais de desgaste significam que o equipamento de segurança não poderá ser utilizado por muito mais tempo.

ERRO NO. 4: FALTA DE COMUNICAÇÃO/ TREINAMENTO 
Falta de instruções – no idioma adequado – é a principal razão para o equipamento ser utilizado de maneira inadequada ou não ser utilizado. Os gestores de segurança devem verificar as instruções fornecidas com o equipamento, e garantir que treinamento adequado seja oferecido.
Como empregador, é possível determinar o formato do treinamento. O importante é que através de treinamento, seus colaboradores podem reconhecer riscos de queda e conhecer procedimentos para minimizar estes riscos. É importante que os instrutores conheçam os riscos no local de trabalho,saibam como eliminar ou controlar os riscos e saibam ensinar os colaboradores a se protegerem. É por isto que o instrutor deve ser uma pessoa competente.
Uma pessoa competente é aquela que pode identificar riscos no local de trabalho e que possui autoridade administrativa para controlá-los. O instrutor deve conhecer e ser capaz de explicar o seguinte:
- A natureza dos riscos de queda no local de trabalho.
- Os procedimentos de instalação, manutenção e desmontagem dos sistemas de proteção de quedas e sistemas pessoais de impedimento de queda.
- Como utilizar e operar sistemas de proteção antiqueda e sistemas pessoais de retenção de queda.
- O papel de cada colaborador que pode ser afetado por um sistema de gestão de segurança.
- As restrições que se aplicam ao equipamento mecânico utilizado durante o trabalho no telhado.
O procedimento de manuseio e armazenagem de materiais e de instalações de proteções contra objetos em queda.
- Normas de proteção antiqueda da OSHA.
 ERRO NO. 5: ANCORAGENS EM QUE FALTAM MARCAÇÕES 
Selecionar ancoragens inadequadas é um grande problema.
 O melhor cinturão com o melhor talabarte ou linha de vida não pode impedir a queda se ancoragens inadequadas forem selecionadas. Segundo a NR 35 o sistema de ancoragem deve ter resistência para suportar a carga máxima aplicávele o respectivo fator de segurança em caso de eventual queda. A NR 18, alterada pela Portaria SIT n.º 318, de 8 de maio de 2012, determina condições específicas para indústria de construção onde uma ancoragem deve suportar pelo menos 1500 Kgf  . De acordo com a ANSI Z359.1 e OSHA 1926.500 e 1910.66 o sistema de ancoragem deve suportar 5000 libras ou 22,2 kN por usuário. Em caso de posicionamento e salvamento a força mínima deve ser de 3000 Lbs (13,3kN) e no caso de trabalhos de restrição de acesso, 1000 Lbs (4.5kN). A distância de queda livre deve ter no máximo 1,83 metros segundo recomendações da OSHA. 
 Sempre que possível, recomenda-se que a ancoragem seja feita verticalmente acima da cabeça do usuário de modo a diminuir o fator de queda e evitar uma lesão mais grave ou o efeito pêndulo em caso de queda. A seleção do melhor ponto de ancoragem deve antever um eventual resgate.


 ERRO NO. 6: ESPERAR QUE A QUEDA OCORRA. 
Não esperar que uma queda ocorra antes de tomar as medidas para modernizar seu plano de proteção de quedas.
Ao identificar um risco de queda, analisar a probabilidade de lesões fatais ou graves, bem como a quantidade de vezes que os colaboradores estarão expostos ao risco. Basicamente, você tentar eliminar a queda alterando o processo ou ambiente de trabalho.
 Se lembrar destas três etapas da proteção DE quedas adequadas – evitar totalmente um risco de queda, prevenir a ocorrência de uma queda e fornecer equipamento de impedimento de queda – você salvará vidas e prevenirá lesões sérias.
 Torne a proteção contra quedas parte do programa de segurança e saúde do seu local de trabalho: 
- Estar comprometido com a prevenção e controle dos riscos de quedas.
- Identificar e avaliar riscos de queda.
- Evitar riscos de queda, se possível.
- Utilizar sistemas de proteção de queda adequados para prevenir ou controlar quedas quando os riscos não pode ser evitados.
- Relatar os riscos de queda e sugerir como controlá-los.
- Garantir que os colaboradores recebam o treinamento de proteção de queda.
-Inspecionar e manter o equipamento.
- Saber como responder imediatamente à emergências.
- Compreender as regulamentações relacionadas às exigências de proteção de queda.
- Implantar procedimentos e práticas de segurança no trabalho.
- Investigar todas as quedas e incidentes.
- Avaliar regularmente procedimentos de proteção de queda.

Fonte: Oregon OSHA 


Fonte : Honeywell

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