É preciso cuidar a maneira como
estamos povoando o mundo com filhos.
A responsabilidade social e qualidade de vida advém dos atos praticados
pelos adultos.
É inegável a importância das funções paterna e materna no desenvolvimento
do psiquismo da criança. Na atual sociedade, caracterizada pela inconstância
nas relações e sentimentos, tais papéis estão, cada vez mais, indefinidos, não
presentes, sem formato, causando grandes turbulências emocionais, que
alimentadas pelas variadas demandas, excessos e faltas, provocam mais angustias
e conflitos.
A configuração do cuidar que está presente nestas funções requer uma
responsabilidade anterior ao casal que copula – o prazer do amor dura
um só instante, a dor do amor (e da falta de amor) dura uma vida inteira.
Assim, homens e mulheres precisam pensar na responsabilidade do ato de
ser pai e mãe, é preciso ser presença na vida dos filhos, para que,
além da referência na condução do caminho de vida, o sentimento de rejeição não
se estabeleça. Mais tarde as crianças serão o que aprenderam a ser, em família.
A adoção, criar um filho como se fosse biológico, com o advento do ECA -
Estatuto da Criança e do Adolescente, busca resguardar o direito e o interesse
da criança e do adolescente dando-lhe uma família, assegurando-lhe cuidados na
saúde, educação, atenção e afeto.
Dados apontam para as consequências da
ausência:
...todo segundo
domingo de agosto, Dia dos Pais, cerca de 30% dos brasileiros não têm a quem
dar presente porque desconhecem o seu pai. Estima-se que a cada ano o número de
crianças que nascem de pai desconhecido seja de 700 mil.
... mãe “forte e
guerreira”, como tantas outras que assumem sozinhas a criação dos filhos. Mas
ainda assim o pai sempre faz falta. Tanto que 80% dos jovens infratores
são só “filhos só da mãe”.
...a ausência do
pai, ainda que seja por omissão, por desinteresse pela vida do filho, é uma das
principais causas que levam os jovens às drogas.
“Essas pessoas se
negam a amadurecer.”
À margem das
estatísticas oficiais, milhares de brasileiros realizam abortos verbais
diariamente. Ao renegar com palavras a paternidade e o cuidado de seus
descendentes, ajudam a formar uma geração de filhos da mãe — mais exposta à
violência e ao crime pela desestruturação familiar.
...“vitimização
social”, algo característico das sociedades americanas e que vem influenciando
outros países. Ninguém se julga culpado ou responsável por nada. Tudo são os
outros.
AS CRIANÇAS SEM
FAMÍLIA? A VIOLÊNCIA E A PARENTALIDADE
É preciso urgentemente que a sociedade assuma a responsabilidade e o
compromisso sobre a infância, pois é através do percurso da
criança, e de sua relação na história da família, que os efeitos se
apresentam sobre a própria família e na sociedade.
Alguns programas:
- Colocar no mundo
apenas brasileiros que sejam desejados e amados por seus pais. Esta é a
realidade que a Brasil Sem Grades quer para o Brasil. Com a evolução dos
métodos contraceptivos, hoje, o casal pode pensar, planejar e decidir o melhor momento
de ter filhos. E para isso, é função do Estado propiciar recursos educacionais
e científicos para que homens e mulheres exerçam esse direito. A ONG Brasil sem
grades desenvolve o Projeto Pai? Presente! – cuja trajetória é contada no livro
Os Filhos da Mãe lançado pelo Presidente da ONG Luiz Fernando Oderich.
- Dados do Censo
Escolar apontam a existência de até 5 milhões de crianças sem o registro
paterno no Censo Escolar. Criado em agosto de 2010, o Programa Pai Presente já
possibilitou a inclusão do nome do pai na certidão de nascimento de mais de
14,5 mil pessoas.
- SUAS - Sistema
público que organiza os serviços socioassistenciais no Brasil, a partir de um
modelo de gestão participativa e descentralizada. Articula os esforços e
recursos das três esferas de governo para a execução e o financiamento da
Política Nacional de Assistência Social (PNAS) no fortalecimento de vínculos.
Apresenta o PNCFC - Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de
Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária, um marco nas
políticas públicas no Brasil, que rompe com a cultura da institucionalização de
crianças e adolescentes e fortalece o paradigma da proteção integral e da
preservação dos vínculos familiares e comunitários preconizados pelo Estatuto
da Criança e do Adolescente.
Fonte : Ecopedagogia