Estudo feito neste
ano foi encomendado pelo Ministério do Meio Ambiente.
No levantamento,
48% dos brasileiros afirmam separar o lixo doméstico.
Maria Angélica
Oliveira Do G1, em Brasília
Em mercado de Brasília, fregueses preferem sacolas de plástico
às de pano reutilizáveis, vendidas por R$ 10 a unidade
(Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)
Pesquisa divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente nesta quinta-feira
(16) aponta que 30% dos brasileiros dizem que sempre evitam usar sacolas
plásticas para transportar compras e 59% dizem nunca ter feito isso. Cerca de
11%, segundo o ministério, praticam isso "pouco". A pesquisa foi
encomendada pela pasta para conhecer os hábitos de consumo sustentável no país
e ouviu 2.201 pessoas em suas casas em todas as regiões do Brasil, entre 15 e
30 de abril deste ano.
Os entrevistados também foram questionados se levam a própria sacola ou
carrinho na hora de fazer compras: 31% disseram que esse é um hábito frequente,
11% o praticam pouco e 58% disseram que nunca fizeram isso.
Segundo dados do ministério, 19 municípios no Brasil aboliram o uso de
sacolas plásticas como medidas de consenso entre governos e supermercados. Já
outras cidades ou estados criaram leis para proibir as sacolas plásticas e
algumas enfrentam disputas judiciais, como o estado de São Paulo.
Dentre os entrevistados, 35% disseram que há alguma campanha para
redução do uso de sacolas plásticas em suas cidades e, onde há campanha, 76%
disseram ter aderido. Já onde não há campanha, 85% afirmam que estariam
dispostos a aderir, se houvesse.
Ainda dentro do supermercado, 85% dizem que ficariam mais motivados a
comprar um produto que tenha sido fabricado de maneira "ambientalmente
correta" e 81% também se motivam mais a comprar um produto cultivado
organicamente.
Para a secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do
ministério, Samyra Crespo, as sacolas são um "flagelo ambiental".
"Ela mata animais porque os animais aquáticos confundem a sacola com
comida, ela serve de amarra para vários tipos de lixo flutuante, formando aquelas
ilhas de lixo em corpos d'água, elas voam e vão parar em postes e cercas,
danificando a paisagem, elas estão associadas a enchentes nas cidades e elas
evitam que o lixo que a gente joga fora se degrade", argumenta a
secretária.
Segundo ela, uma sacola plástica pode levar até 400 anos para se
decompor. "Provavelmente, a primeira sacola plástica que um brasileiro
usou, e isso foi nos anos 70, ela ainda está na natureza", disse.
Lixo doméstico
A pesquisa também mostrou que 48% afirmam separar o lixo doméstico. Para
Samyra, o número poderia ser maior se mais governos implantassem a coleta
seletiva. "Muitas vezes a disposição da população em separar o lixo não
encontra um rebatimento na política pública porque hoje temos menos de um terço
dos municípios praticando a coleta seletiva. Muitas vezes o cidadão acha que
ele separa em casa e o misturador da prefeitura vai lá e mistura o lixo de
qualquer jeito, não incentivando a população a separar."
A pesquisa listou ainda hábitos desfavoráveis ao meio ambiente no
descarte do lixo. O campeão foi jogar pilhas e baterias no lixo (41% dizem
praticar sempre), seguido de vidros ou cacos de vidro (36% afirmam fazer isso
com frequência).
Por outro lado, os brasileiros também estão adotando hábitos para reduzir o
consumo em favor do meio ambiente. Entre os entrevistados, o conserto de algum
produto quebrado para prolongar sua vida útil foi a "boa ação" mais
citada. Em segundo lugar ficou o fato de evitar o lixo comum produtos tóxicos.
Problemas ambientais
O estudo apontou ainda que, em 20 anos, o percentual de pessoas que não
sabe identificar os problemas ambientais caiu de 47% para 10%. A primeira
edição da pesquisa "O que o brasileiro pensa do meio ambiente e do consumo
sustentável" foi feita em 1992, à época da conferência ambiental Rio 92.
"Triplicou a quantidade de brasileiros que sabem responder sobre problemas
ambientais", disse a secretária.
Os entrevistados também foram questionados sobre quais biomas estão
ameaçados e se estariam dispostos a contribuir com dinheiro para protegê-lo.
Mais da metade - 51% - apontaram a Amazônia. Em 92, essa região era a escolhida
de 38%.
Somente 13% se sentem bem informados ou muito bem informados sobre meio
ambiente e ecologia. Na outra ponta desta questão, 29% dizem estar mal
informados ou muito mal informados. A maior parte dos entrevistados - 57% -
disse estar "mais ou menos informado".
A pesquisa foi feita por amostragem pelo instituto CP2 em parceria com o
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) com 2.201 entrevistas
com pessoas maiores de 16 anos. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais,
para mais ou para menos.
Fonte:G1