Jornal do Brasil Maria Luisa de Melo
Passados dois anos da aprovação da
Política Nacional dos Resíduos Sólidos, que prevê o fechamento de todos os
lixões e a implantação da coleta seletiva em todo o território nacional até
2014, apenas 14% dos 5.565 municípios brasileiros adotaram a coleta seletiva.
No caso do estado do Rio de Janeiro, de 92 municípios apenas 25 Prefeituras já
usam o modelo de coleta. Os dados são da Pesquisa Ciclosoft 2012, divulgada
esta semana pela associação Compromisso Empresarial para
Reciclagem (Cempre).
Não bastasse o cenário alarmante do
país, há cidades que, apesar de se declararem adeptas da coleta seletiva,
cumprem a medida apenas em alguns bairros. Isto acontece na cidade do Rio. Dos
seus 160 bairros, apenas 41 são atendidos pelo programa de coleta seletiva da
Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb), o que equivale a 25% do total.
De acordo com o estudo,
só seis prefeituras no país conseguiram desenvolver um programa de coleta capaz
de contemplar todo o território de seus municípios e não apenas alguns bairros.
É o caso de Curitiba, Londrina, Porto Alegre, Santo André, São José dos Campos
e Goiânia. A dificuldade, no entanto, está longe de ser falta de recursos.
Para um dos realizadores da pesquisa,
o diretor-executivo da Cempre, André Vilhena, a grande vilã contra a adesão das
cidades ao método mais sustentável de recolhimento de lixo não é o custo da
operação (que chega a ser 4,5 vezes maior que a da coleta tradicional), mas a
ausência de políticas públicas. Principalmente nas grandes cidades do país.
“Dinheiro não
falta. As prefeituras das grandes cidades há recursos suficientes para a
implementação da coleta seletiva. O que eu verifico é a falta de projetos neste
sentido. Há um grande desinteresse”, critica o especialista.
Das 780 cidades que contam com coleta
seletiva, em 65% delas a iniciativa é das cooperativas de catadores de lixo e
não das Prefeituras. Isto é, os catadores são, na maioria das cidades, os
verdadeiros executores da Política Nacional dos Resíduos Sólidos.
Com R$ 50 mi há dois anos, Prefeitura
ainda amplia coleta
Desde 2010, a Prefeitura do Rio de
Janeiro dispõe de R$ 50 milhões (sendo
R$ 28 milhões da própria Prefeitura e R$ 22 milhões do BNDES) para o Programa
de Ampliação da Coleta Seletiva na Cidade do Rio de Janeiro. O projeto, cujo
objetivo é levar a coleta seletiva para os 160 bairros do Rio, ainda não entrou
em operação. Isto deve acontecer, segundo a Comlurb, nos próximos três anos.
Pelo plano inicial, está prevista a
construção de seis centrais de triagem de material reciclável. A primeira
delas, em Irajá, começou a ser erguida em outubro de 2011 e tem previsão
de começar a operar
ainda este mês, quando receberá até 20 toneladas de material por dia. A
expectativa da Prefeitura é de que seja gerado trabalho para cerca de 200
catadores.
O segundo galpão está em construção no
Centro, nas proximidades da Central do Brasil, e terá capacidade para receber
até 30 toneladas diárias de materiais recicláveis. Cerca de 300 catadores devem
ser beneficiados.
Fonte: Jornal do Brasil