31/10/2012 11:48:59
Camila Maciel, da Agência Brasil
“Não importa como este livro chegou às suas mãos. Ele não é seu, nem de ninguém. Leia-o e passe adiante. Vá a um trem ou estação e liberte-o. Deixe-o onde ele possa ser encontrado pelo próximo leitor”. O alerta está na capa de mais de 50 mil livros que começaram a ser distribuídos gratuitamente na última segunda-feira (29) em cinco estações da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). A sétima edição do projeto Livro Livre faz parte de um movimento de incentivo à leitura que ocorre no mundo inteiro com uma ideia simples: deixar livros em locais públicos para que pessoas possam pegar, ler e passar adiante, como uma corrente de conhecimento.
A estudante de direito Ana Carolina Fernandes, 24 anos, soube do projeto pela televisão e fez questão de fazer parte da corrente. “Adoro ler. Disseminar cultura é muito importante, principalmente a leitura, já que muitas pessoas não têm acesso fácil”, destacou. Depois de escolher um romance na estante da Estação Palmeiras-Barra Funda, na zona oeste da capital, ela assumiu o compromisso de passar adiante o livro. “Pretendo deixá-lo novamente em uma das estações de trem”, prometeu.
O projeto de distribuição dos livros segue até hoje (31) e os usuários podem escolher o título nas estações Brás, Luz, Palmeiras-Barra Funda, Osasco e Pinheiros, das 10h às 15h. Para tanto, foi montada uma estrutura parecida com uma livraria para que os participantes escolham livremente o título que mais agrada. “Nas outras edições, os livros ficavam espalhados em mesas. Pensamos em fazer desse jeito também como forma de incentivar o hábito e prazer pela leitura”, explica Maria Salete Zandoná, assessora técnica da companhia e coordenadora do projeto.
Diariamente, 2,8 milhões de pessoas passam pelas seis linhas da CPTM. “Se as pessoas comprarem a ideia, rapidamente a corrente cresce”, destacou Maria Salete. Ela aponta que, depois de lido, o livro pode ser deixado em qualquer lugar: da cadeira do ônibus à estação do metrô. O importante é que a obra passe pelas mãos de vários leitores. Ela destaca, no entanto, que parte dos livros não costuma circular. “É uma cultura que ainda precisa ser trabalhada. Algumas pessoas têm dificuldade de se desfazer do livro”, avalia a partir da experiência das outras edições. Ela aposta que o projeto a cada ano ganhará mais adeptos.
Nos últimos seis anos, a ação distribuiu 75 mil livros. Só neste ano, serão mais 50 mil em circulação, com destaque para os mais de 20 mil títulos infantojuvenis. Além da distribuição gratuita de obras literárias, o projeto desenvolve atividades lúdicas e bate-papo com autores.
Entre essas atividades, um grande mural montado na Estação Palmeiras-Barra Funda perguntava aos passantes: “Se sua vida fosse o livro que nome ele teria?”. O porteiro Vilson Joaquim Calixto, 51 anos, não vacilou: “Uma história terrível” foi o título escolhido para a obra.
Os relatos da história de vida do porteiro deixam claro o desencanto. “Vivo dizendo que minha vida vale um livro. Fui empresário, mendigo, usuário de drogas e, agora, tenho família e trabalho como porteiro”, relembrou. Ao contar sua trajetória, ele reconhece que “pelo menos, o final é feliz”. Calixto trabalha na estação e aproveitou o horário de descanso para conferir a programação. “Costumo ler muito no trem. É quando dá uma folguinha”, relatou, aprovando a iniciativa.
O projeto também inclui atividades para crianças como o baú das artes e o tabuleiro de jogos. A técnica de controle de qualidade Alice Cronemberger, 42 anos, estava a caminho do médico com a filha Ana Carolina, 8 anos, mas não resistiu aos atrativos e dedicou alguns minutos da manhã para permitir que a filha participasse das brincadeiras. “Ela adora ler. Já eu leio menos do que deveria. A Carol é quem me incentiva”, declarou. Mesmo com as muitas opções, Carolina não teve dúvida e escolheu o livro Heróis da Natureza. “Adoro histórias de bicho. Quero ser veterinária”, destacou.
Hoje, último dia do evento que começou na última segunda-feira (29), além da distribuição dos livros, estão programados a exposição fotográfica Everest 5.0, palestras de incentivo à leitura e bate-papo com o expositor Júlio de Sousa, na Estação Brás; em Osasco, os usuários poderão conferir a intervenção poética do Grupo de Estudos Literários Pé de Poesia e um encontro de autores do município.
(Agência Brasil)
Fonte: Mercado Ético
COMENTÁRIOS
Rogerio Godoy Princiotti31/10/2012 às 19:05
É muito bom ter projetos que incentivam a leitura e cultura do nosso povo. O hábito de ler, poderá surgir nas pessoas que farão uso destes livros para passar o tempo entre uma estação e outra.
Os benefícios deverão ser excelente a todos, um gesto de partilha, interação, conhecimento passando entre gerações, e principalmente permitir o acesso a informação e ao livro que muitas vezes fogem do orçamento de muitos.
Nesse projeto podemos observar que ainda há muito que se possa fazer, com medidas simples e viáveis.
Imagino amanhã encontrar pessoas de todas as idades entre jovens, adultos, homens e mulheres.
Muitos comentando sobre artigos, histórias, documentários, que bom ver isto acontecer…
Lembro desta iniciativa de um cobrador de ônibus que fornecia seus livos para os passageisos e contagiante estas iniciativas. veja o link
Parabéns pelo projeto.