Dr. Dirceu
Rodrigues Alves Jr.
O homem em
seus primórdios tinha como equipamento para mobilidade apenas as pernas.
Andava, corria deslocando-se sem comprometer seu organismo ou o meio ambiente.
Passou a fazer uso de animais para deslocamentos maiores. Surgiu a roda que
veio trazer maior facilidade e conforto quando sob tração animal. Inicialmente
com duas rodas em carroças que evoluíram para quatro e mais rodas. Hoje, evoluídas
e motorizadas, as antigas carroças passaram a ser o problema maior que estamos
a enfrentar.
Aquilo que
foi criado para nossa mobilidade é hoje um problema com repercussão mundial. A
Organização Mundial de Saúde estima que 1,2 milhões de pessoas são mortas a
cada ano no mundo pela violência no trânsito. O predomínio é entre homens entre
15 e 44 anos. Indivíduos em fase altamente produtiva morrem deixando alto custo
econômico para seus países.
Ter um
automóvel hoje é ter dores de cabeça que variam desde o custo, manutenção,
legalização, seguros, danos a terceiros, mortos, sequelados até a dificuldade
para transitar. Aliás, transitar é verbo intransitivo e tão intransitivo que
não mais conseguimos transitar livremente.
Se não
bastasse, o automóvel trouxe múltiplas outras dificuldades, como locais para
estacionar, o flanelinha que nos importuna e nos extorque, os fiscais de rua, a
fiscalização eletrônica, tudo concorrendo para enxergarmos o automóvel como
verdadeiro empecilho para transitarmos.
Engarrafamentos,
lentidão, acidentes, vítimas, mortos, sequelados, hospitais lotados, tudo
propiciando a mídia grande quantidade de matéria para divulgação no dia a dia.
O estresse,
a violência tem sido impeditivo para superarmos as dificuldades cotidianas. E é
esse veículo movido a combustível fóssil que promete transformar o planeta
produzindo aquecimento global, mudança climática, chuva ácida, inversão térmica
com consequências nocivas à vida vegetal e animal.
É o homem
contribuindo para destruição do seu próprio habitat.
A frenagem
dessa destruição precisa ser entendida como necessidade prioritária para termos
um amanhã mais saudável, sem comprometimento da saúde, do meio ambiente,
dando-nos a chance de pensarmos em maior longevidade no planeta Terra com vida
sustentável.
Precisamos
de mobilidade alternativa que não interfira nas ações multifatoriais
necessárias para o equilíbrio e saúde do planeta.
As pesquisas
mostram que o problema é insidioso nos quatro cantos do mundo. As montadoras introduzem
a cada dia milhões de veículos no trânsito. O combustível fóssil continua sendo
o produto a ser queimado para deslocar veículos leves, médios e pesados. É hoje
a principal arma contra a vida e a integridade do planeta.
Temos que
evoluir para o transporte ecológico movidos a pedaladas, água, eletricidade ou
alternativas que venham surgir. Renunciar ao veículo movido a derivados do
petróleo é a necessidade maior para preservarmos vidas e o planeta.
Diretor de Comunicação e do Departamento de
Medicina Ocupacional da ABRAMET
Associação
Brasileira de Medicina de Tráfego