1 ) O que acontece com o reflexo da pessoa quando
ela dirige e fala ao celular ao mesmo tempo? (Ou, pior, digitar mensagens
também?)
A modernidade leva ao conforto, facilidade,
comunicação e muita vez coloca o ser humano em condição de risco e produz o
surgimento de situação adversa.
Para dirigir precisamos de três funções básicas:
- cognitiva - (atenção, concentração, raciocínio,
vigília).
- motora - respostas imediatas - (reflexos).
- sensório- perceptiva - sensibilidade tátil, visão,
audição.
Quando se atende o celular todas essas funções ficam
comprometidas.
As informações visual e auditiva chegam ao cérebro
através o Tálamo, daí encaminhadas ao Lobo Frontal onde são filtradas e
encaminhadas a Córtex Cerebral que responde
imediatamente e ainda armazena
(memoriza).
A resposta ocorre em 0,75 segundos. Com o celular,
ou outro equipamento que comprometa as funções citadas, esse tempo pode chegar
a 1,50 segundos o que é suficiente para a ocorrência de sinistro. Interessante
é que não ficou na memória o que se passou durante o tempo em que falava ao
celular.
Os mais jovens dominam com mais facilidade e rapidez
a tecnologia. Por isso são os usuários mais comuns do celular, em consequência
as maiores vítimas de acidentes quando na direção veicular.
O celular, o radio comunicador e toda tecnologia
introduzida no veículo são exemplos típicos que utilizados em determinados
momentos são capazes de gerarem acidentes. Hoje, mandar torpedos, digitar no
mini computador são atividades absurdas que se constata na direção veicular.
Nessa condição o condutor recebe múltiplas
informações de maneira continuada, analisa e reage. O tempo nesse processamento
é mínimo. O uso do celular aumentará em muito o tempo de resposta. Pior, serão
respostas mecânicas (inconsciente), as informações visual e auditiva não
chegaram a Córtex Cerebral, ficaram no Lobo Frontal.
Quando se está ao volante, ao tocar o celular isto
produz no seu proprietário o fenômeno surpresa e a busca imediata ao
equipamento, isso acompanhado de intensa ansiedade. A mão é retirada do volante
em busca do telefone, quando só deveria desligar-se do volante para mudança de
marcha ou para acessar acessórios no painel, é o que determina a
legislação. Desde o toque inicial do
aparelho, o indivíduo desconecta-se da direção, leva 4 a 5 segundos para fazer
o contato e se estiver a 100 Km/h terá percorrido 120 metros sem atenção para
os 360° que lhe cercam, ficando restrito a visão dianteira ( perde a visão
periférica, passando a te-La de maneira tubular).
Ação do motorista
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Tempo gasto (estimado)
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Distância percorrida a 100 km/h
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Acender um cigarro
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3 segundos
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80 metros
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Beber um copo de água
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4 segundos
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110 metros
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Sintonizar o rádio
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4 segundos
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110 metros
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Procurar objeto na carteira
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Mais de 3 segundos
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Mais de 80 metros
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Consultar um mapa
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Mais de 4 segundos
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Mais de 110 metros
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Discar número de telefone
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5 segundos
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140 metros
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Fonte: Volkswagen
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Ao mesmo tempo surgem as perguntas: quem será? O que
quer? A desconexão aumenta quando escuta quem fala. A concentração é desmantelada.
Sem perceber, altera a velocidade. O motorista passa a ter uma direção
automatizada. Faz os movimentos necessários sem a percepção do que está
fazendo. Não observa riscos. No intercâmbio das informações fica mais ansioso.
Cai mais a atenção, concentração, controle das emoções e o raciocínio. Aumenta
em quatro vezes a possibilidade de acidente. Prova é que se indagarmos do
motorista o que havia no seu trajeto ele não saberá relatar com detalhes. Não
teve como armazenar o que viu no trajeto, tamanho era o desvio da atenção para
o interlocutor.
Interessante que mesmo após a interrupção da
ligação, mantém-se por algum período a desconexão, desatenção com a direção
veicular. Isso ocorre em decorrência do retrospecto e raciocínio feito pelo
motorista dentro do tema abordado pelo interlocutor. É quando também ocorrem os
acidentes, imediatamente após ter desligado o celular.
Vários países já têm o celular, fone e viva voz como
equipamentos avessos à direção veicular por serem geradores de desatenção e de
colisões. Legislações específicas proíbem o uso.
2 ) O principal problema é mais relacionado à
capacidade de atenção ou ao fato de ter que retirar as mãos do volante?
Os dois comportamentos somam-se potencializando o
acidente.
Ao adentrar o veículo por medida de segurança
temos a obrigação de desligar qualquer meio de comunicação para mantermos a
concentração naquilo que estará sendo executado. O celular receberá as ligações
e armazenará os contatos. Parado, em situação de total segurança, acionaremos o
celular para refazermos contatos, ver e mandar torpedos.
A segurança de todos nós depende de cada um.
3 ) É verdade que dirigir ao celular é tão perigoso
quanto conduzir alcoolizado?
É verdade. O álcool compromete as mesmas
funções citadas, daí a equivalência.
Dr.
Dirceu Rodrigues Alves Júnior
Diretor
de Comunicação e do Departamento de Medicina de
Tráfego
Ocupacional da ABRAMET
Associação
Brasileira de Medicina de Tráfego