Trabalhando no transporte com veículos
leves ou pesados ocorre uma grande exposição do trabalhador a radiação solar e
ao calor produzido por ele, também pelos motores e gases aquecidos expelidos na
combustão dos derivados fósseis. Isto, além de produzir lesões imediatas tem
também um efeito tardio e muitas vezes irreversível. É necessário conhecer os
riscos e adotar medidas preventivas.
Introdução
É rotina durante a jornada de
trabalho em veículos sobre duas ou mais rodas o operador estar permanentemente
exposto a radiação solar.
A radiação Ultra Violeta (UV) e Infra
Vermelha (IV) presentes no espectro solar tornam-se nocivas à pele e aos olhos.
Essas
radiações são essenciais ao nosso planeta porque propagam o calor e em
conseqüência mantém a vida. O calor produzido pela radiação solar e mesmo pelo
aquecimento ambiental produzido por motores é um somatório que pode gerar duas outras
doenças que são a insolação e a intermação.
A camada de Ozônio ao redor do
planeta, que fica entre 25 e 35 km da superfície, reduz bastante à agressão dos
raios ultravioleta sobre o homem. Infelizmente o homem tem colaborado com
múltiplas ações para que essa camada de Ozônio deixe de exercer a ação de um
verdadeiro filtro protetor dessas radiações. Com o dano causado ao filtro
passamos a ter uma quantidade bem maior dos raios UV e IV. Em função disso
temos que adotar medidas preventivas.
O
pico dessas radiações ocorre entre 10h e 16h, durante todo o ano, mais
intensamente no verão.
Produzem
lesões na pele e nos olhos.
Na pele:
- queimadura
- foto
alergias
- bronzeamento
- câncer
-
envelhecimento da pele
O
envelhecimento da pele caracteriza-se pela lesão das fibras elásticas tornando-a rugosa, com dobras, pregueamentos.
No olho:
- degeneração
macular
- retinose
pigmentar
- alteração
para ver as cores
- catarata
Essas
radiações têm efeito cumulativo, quer dizer, os danos causados vão
acumulando-se até que aparecem os sinais e sintomas. É o caso do envelhecimento
da pele, o aparecimento do câncer e as lesões oculares.
O
comprometimento ocular causa danos na retina, cristalino e córnea. Pode levar a
perda da visão.
O
vidro, o espelho, a água, a neve refletem os raios ultravioleta,
sobrecarregando a visão de todos nós, e mais daqueles que estão expostos
excessivamente como os motoristas, motociclistas, nas áreas urbanas e
rodoviárias.
Queixas
oculares comuns e imediatas quando da exposição ao sol:
- hiperemia
(vermelhidão)
- lacrimejamento
- prurido
(coceira)
- fotofobia
(aversão à luz)
- edema
conjuntival e palpebral
- dificuldade de
adaptação ao escuro
Queixas
cutâneas imediatas:
- ardência
- vermelhidão
- formação de
pequenas vesículas
- descamação
A
prevenção será:
- uso
de bloqueador (filtro solar)
- roupas protetoras
- redução da exposição (entre 10h e 16h)
- chapéu, boné
- óculos com filtro UV
Vale
lembrar que nem todo óculos de lentes escuras tem proteção contra o Ultravioleta.
As óticas podem fornecer óculos com controle de qualidade.
Já
a insolação é decorrente da exposição prolongada ao sol capaz de produzir
sinais e sintomas e ter certa gravidade imediata.
Sinais e sintomas:
-
náuseas
- tonteiras
-
aumento da temperatura corporal
-
sede intensa
-
queda do nível de consciência
- estado de coma
A
intermação ocorre pelo aquecimento ambiental produzido pelo sol, ambientes
fechados e aquecidos, pelo calor produzido por motores. Isso vai fazer com que
haja um aumento da temperatura corporal e que terá certa gravidade.
Os
sinais e sintomas são:
-
temperatura acima de 40,5°C
-
câimbras
-
náuseas
-
síncope (desmaios)
-
pode ocorrer convulsão
-
estado de coma
-
ausência de suor
-
desidratação
- insuficiência
renal
Conclusão:
Aquilo que nos dá vida é também capaz de
produzir danos leves, moderados e graves e até matar. No transporte urbano e
rodoviário a exposição do trabalhador a radiação solar e ao calor é prolongada
e diária, em consequência capaz de produzir os danos citados. Ação prevencionista
se faz necessário utilizando os métodos convencionais.
Infelizmente,
hoje, nada temos visto em termos de orientação e prevenção para essa classe trabalhadora
que leva o progresso aos múltiplos cantos desse país.
INFORMAÇÕES
Dirceu Rodrigues
Alves Júnior
Departamento de
Medicina de Tráfego Ocupacional da ABRAMET
Associação
Brasileira de Medicina de Tráfego
Rua Dr. Amâncio de
Carvalho, 507
Vila Mariana — São
Paulo (SP)
CEP 04012-090
Tel. (11) 2137-2700
E-mail: dirceu.rodrigues5@terra.com.br
Dr. Dirceu Rodrigues Alves
Júnior
Referências:
1-
Cecil Essentials of Medicine 4 th edition by Andreoli,
Bennett, Carpenter and Plum.
2-
Dermatologia, 3ª
Edição, A. P. Sampaio Sebastião, Editora Artes Médicas.