Inovação na gestão das cidades


Eduardo Athayde

Eduardo Athayde
O Fórum Econômico Mundial realizado em Davos, na Suíça, de 23 a 27 de janeiro de 2013, mostrou que o conceito de gestão verde está deixando de ser símbolo do ambientalismo e passando a significar eficiência na gestão pública e privada. Reunindo mais de 50 chefes de estado, 1.500 líderes empresariais além de políticos e acadêmicos para discutir agendas locais, regionais e globais, mais de 2.500 participantes de diversos países formavam uma espécie de aldeia tecnológica global, usando tablets e celulares (Tecnologias de Informação e Comunicação – TICs) para ajudar nos agendamentos e deslocamentos internos, no acesso virtual a palestras e, ao mesmo tempo, para gestão remota dos seus países, estados, cidades e empresas.

Felipe Calderón, ex-presidente do México e atual presidente da Aliança de Ação para o Crescimento Verde, lançou em Davos o “Relatório de Investimentos Verdes”  afirmando que o crescimento econômico e a sustentabilidade são interdependentes. “Você não pode ter um sem o outro, e tornar os investimentos verdes é pré-requisito para realizar ambas as metas”, ressaltou. Confundir sustentabilidade apenas com preservação ambiental é o mais comum entre os mitos que precisa ser desfeito – sustentabilidade é sinônimo de equilíbrio.
Segundo a ONU, globalmente as oportunidades de mercado para as “Cidades Verdes e Inteligentes” que investem na melhoria de qualidade dos serviços para a população, estão estimadas em US$34 bilhões/ano. Com o aumento da renda e da qualidade de vida, a classe media mundial que hoje é de 2,5 bilhões de pessoas, será de 5 bilhões de habitantes/consumidores em 2030.
A internet expandiu de 0,1% da população global em 2002, para 33%, em 2012 (é estimada para 55% da população em 2020). Nas últimas décadas cidades no mundo foram conectadas por uma poderosa rede invisível TICs, mudando a dinâmica do poder urbano, ajudando cidadãos a exercerem legitimamente a sua parcela do poder. Como todos usam celulares as operadoras têm condições de identificar, em tempo real, os fluxos das pessoas nas cidades, as tendências de estrangulamentos no tráfego, a concentração em eventos, os deslocamentos de massas e ajudar no planejamento e nas intervenções pontuais. O Brasil, com 194 milhões de habitantes, 84% urbanos, já tem mais de 260 milhões de celulares, dos quais, 60 milhões são terminais com acesso a internet via banda larga. A tecnologia que salva vidas e emociona pessoas, encurta distâncias e abranda saudades, também ajuda a sociedade a ser cada vez mais sustentável.
Enquanto nos EUA os engarrafamentos de transito geram – por ano – um desperdício de 10.6 bilhões de litros de combustíveis, prejuízo de 4.2 bilhões de horas de trabalho e uma perda econômica de US$87.2 bilhões; o sistema de bicicletas comunitárias de Paris tornou-se possível por meio de uma (parceria público-privada) PPP com a gigante da publicidade JCDecaux que, via TICs, fornece e mantém o sistema em troca de uma parcela do espaço publicitário da cidade.
Usando TICs varias cidades do Canadá, inclusive Toronto, não fazem mais coleta seletiva do lixo. Uma maquina separa automaticamente os recicláveis colocando em sacolas biodegradáveis para virar adubo vendido por pelo preço de mercado. Os caminhões de lixo são movidos a gás produzido pelo próprio lixo que retiram das ruas. Empresas como a Smart + Connected Communities, da Cisco; Cities, da GE; e Sustainable Cities, da Siemens; por exemplo, têm usado suas avançadas tecnologias para ajudar cidades ao redor do mundo.
As TICs ajudam a inovar na gestão e dão suporte aos princípios estabelecidos pela Política Nacional de Mobilidade Urbana – Lei 12.587/12. Diante da falência dos modelos de gestão pública e a elevada burocracia, as TICs facilitam a gestão, o acompanhamento das parcerias público-privadas, a auditoria e o controle social impondo transparência nas ações de infraestrutura, transporte, educação, saúde, entretenimento, áreas públicas de lazer, ajudando a promover sustentabilidade na vida urbana.
Eduardo Athayde é administrador, pesquisador e diretor do Worldwatch Institute no Brasil - e-mail: eduardo@uma.org.br

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