Dr. Dirceu Rodrigues Alves Jr.*
É inacreditável que
máquinas criadas para facilitar a mobilidade do homem passam a ser utilizadas
como arma de guerra. São hoje os instrumentos principais para aumentar a morbimortalidade.
Transforma-se um instrumento extremamente útil, em armamento pesado.
Reduz-se a cada ano a capacidade
produtiva do país.
A Seguradora Líder dos consórcios de
seguro DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via
Terrestre) indenizou de janeiro a dezembro de 2012, milhares de cidadãos
vítimas dessa guerra.
Veja o quantitativo:
Mortes 58.134
Invalidez Permanente 239.738
Despesas
Médicas 68.484
Consequentemente, nesses doze meses de
2012, perdemos 297.872 cidadãos numa faixa etária entre 18 e 34 anos, que eram potencialmente
produtivos. Pensar no prejuízo momentâneo produzido nos leva a contabilizar
valores de resgate, internação, cirurgias, unidade de terapia intensiva,
enfermaria, fisioterapia e outras tantas coisas. Esse é um custo alto, porém
mais para frente vamos deparar com valores incalculáveis. Considerando que a
idade média desses jovens é em torno de vinte e seis anos e que o brasileiro
tem capacidade produtiva até os sessenta e cinco anos, teremos para cada perda,
trinta e cinco anos de ausência de produção. Significa dizer que perdemos em
média, 7.273.560 anos de trabalho. Observe que tudo isso é só no último ano.
Com o passar dos anos, estimamos que teremos ao final da “Década de Ações para
Segurança Viária” (2011-2020) cerca de três milhões de jovens e dependentes
amparados pelo cofre público.
Quanto custará
isso ao Estado?
Difícil calcular, mas a cadeia de
produção cai, o país desce degraus amargos, a população sofre. Reduzem-se
verbas para ministérios. A saúde, educação, segurança serão certamente as mais
comprometidas. Caminharemos para o caos ano a ano.
O IBGE já indica que cresce de maneira
preocupante a população de idosos, enquanto a de jovens, naquela faixa etária, decresce
acentuadamente.
Por tudo isso, posso afirmar que vivemos
momento de aflição, e porque não afirmar que é de desespero porque sabemos que
a tendência natural é a multiplicação desordenada dessas perdas. Mais óbitos,
mais sequelados, mais dependentes da contribuição da sociedade brasileira.
O investimento que se pode fazer hoje
para redução dessa sinistralidade será insignificante com relação aos custos do
futuro que antevemos.
Estamos diante de uma epidemia
ignorada pelos governos em suas várias estâncias. Todos conhecem a vacina para
erradicar esse mal. Precisamos de ações multidisciplinares e consolidadas para implantar
com rigor a ordem e paz no trânsito.
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Dr. Dirceu Rodrigues Alves Júnior
Diretor de
Comunicação e do Departamento de Medicina de Tráfego
Ocupacional da
ABRAMET