Despejo de esgoto é o principal problema no Rio Tietê / Foto Arquivo
Depois de coletar material próximo das áreas de descarte das Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) de Suzano e de César de Souza, a Agência Regional da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) prepara a obtenção de amostras de água ao longo dos córregos da Cidade que deságuam no Rio Tietê. A análise do material vai resultar num relatório destinado ao Ministério Público, que através do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema – Cabeceiras) quer saber qual o nível de degradação ambiental provocado na Bacia do Rio Tietê em decorrência da ausência de coleta e tratamento integral do esgoto doméstico, a começar por Mogi das Cruzes. As informações, posteriormente, vão respaldar ações e exigências a serem feitas aos municípios da Região pela Promotoria de Justiça para livrar o Tietê e seus afluentes da poluição e, consequentemente, preservar as nascentes.
O levantamento exigido pelo Gaema, que instaurou um inquérito em maio passado para investigar a degradação, difere da análise normal da qualidade da água do Rio Tietê, que periodicamente é medida pela CETESB em pontos estratégicos e que resulta num relatório anual – o último dado, divulgado no primeiro semestre de 2012, aponta que a Região tem um dos piores índices do Estado e a poluição começa justamente em Mogi das Cruzes, após o ponto de captação de água para abastecimento, no Cocuera.
Desta vez, o MP quer saber exatamente o grau de degradação que o despejo irregular do esgoto provoca ao longo da Bacia e, por isso, a investigação vai se estender por todos os córregos e rios que recebem os dejetos das residências mogianas e, que inevitavelmente, vão parar no Tietê. A coleta de amostras, no caso, é feita num período de 24 horas e a análise leva em conta todos os aspectos químicos encontrados na água.
A CETESB, segundo a Assessoria de Imprensa, já informou ao promotor Ricardo Manoel de Castro, responsável pelo inquérito do Gaema – Cabeceiras, que os descartes de esgotos desprovidos de tratamento ocorrem ao longo de toda a rede de coleta e transporte operada pelo Serviço Municipal de Águas e Esgotos (Semae) e ainda não interligada com a ETE de César de Souza ou mesmo na ETE de Suzano. Por isso, “nas próximas semanas a CETESB efetuará coletas de amostras nos córregos da malha fluvial da Bacia do Rio Tietê, os quais recebem das redes coletoras o lançamento de esgoto bruto”.
São pelo menos 10 corpos d’água que recebem esgotos sem tratamento na Cidade – os principais são Botujuru, Lavapés, Oropó, Ipiranga, Negro, Gregório e Canudos -, o que vai estender o trabalho de coleta de amostras da CETESB por um período de três a cinco meses. Hoje, Mogi das Cruzes coleta cerca de 80% dos detritos domésticos, mas apenas a metade disso recebe tratamento.
Como parte das investigações do Gaema, a CETESB já elaborou um relatório sobre a situação encontrada nas ETEs, com a análise química dos efluentes tratados para verificação da eliminação ou diminuição da carga tóxica. Segundo a Companhia Ambiental, ambas as estações – a de Suzano operada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que recebe parte do esgoto oriundo das regiões de Braz Cubas e Jundiapeba, e a de César de Souza pelo Semae, destinada aos detritos dos bairros ao leste da Cidade – “vêm atendendo aos padrões da legislação vigente”.
Uma nova ETE, desta vez no Parque Morumbi, é planejada pela Prefeitura, que aguarda a concessão de licença prévia da CETESB para implantar uma unidade destinada a tratar os esgotos gerados no bairro e também no loteamento vizinho da Vila da Prata. (Mara Flôres)
(Fonte: O Diário 14.04.2013)