Uma menina de 3 anos morreu após ser arremessada da escada rolante de um shopping no RS. Para especialistas, acidente é um grave alerta.
Uma alerta sobre os perigos da escada rolante: um passeio em um shopping de Canoas (RS), perto de Porto Alegre, terminou em tragédia. A vítima foi uma menina de 3 anos. Muitos pais nem imaginam os riscos que as crianças pequenas correm ao usar escada rolante sem supervisão.
Luiza sai de perto dos pais. Corre em direção à escada rolante. As câmeras de segurança de um shopping em Canoas, cidade do Rio Grande do Sul, registram um corre-corre. A garota de três anos foi arremessada pelo corrimão da escada. Caiu de uma altura de cinco metros e morreu.
O acidente, que ocorreu semana passada, é um grave alerta. As escadas rolantes, que fazem parte do dia a dia das cidades brasileiras, são populares, mas não inofensivas.
Crianças, idosos e outras pessoas com pouca mobilidade são as maiores vítimas. Esta semana, a Polícia Civil fez uma reconstituição para tentar entender o que aconteceu com Luiza.
“A gente imagina que aquele corrimão da escada rolante tenha funcionado como uma esteira e jogado então ela pra frente”, explica a delegada Priscilla Salgado.
"Foi o tempo de eu largar ela, me virar pra pegar o tíquete, procurar o tíquete no bolso. E quando eu me desvirei de novo daí ela já tinha chegado na escada, já tinha posto a mãozinha e já estava por cima do corrimão", conta Rafael da Silva Marques, pai de Luisa.
“Ela poderia ter caído pelo lado de dentro da escada rolante, mas infelizmente caiu pra fora”, diz a delegada.
“Escada rolante é um equipamento que pesa de quatro a cinco toneladas. É uma engrenagem bem robusta e que a gente acha que é quase um eletrodoméstico e não é assim”, diz o engenheiro mecânico Luciano Grando.
Para mostrar os cuidados que as pessoas devem ter na hora de usar uma escada rolante e mostrar também como esses equipamentos funcionam, o Fantástico foi a um centro de treinamento em São Paulo de uma das maiores fábricas do mundo de escadas rolantes.
“Você colocar a mão no corrimão é a primeira coisa para você entrar na velocidade da escada rolante”, explica o gerente Joel Coelho.
“A segunda dica principal é se afastar da lateral dos rodapés das escadas rolantes”, conta Joel.
“Não colocar os pés na lateral que está fixa no vidro. Não sentar no corrimão da escada rolante. Isso é extremamente perigoso”, enumera Joel.
“O carrinho de bebê ou qualquer outro carrinho é proibido em escada rolante”, diz Joel.
O gerente Joel Coelho simula: “Eu estou descendo com o carrinho de bebê e, por algum problema, a escada para”. O carrinho rola pela escada.
“Não se deve carregar crianças no colo. Justamente pelo fato de você não estar equilibrado segurando no corrimão. Roupa longa: tem que se tomar muito cuidado, principalmente as mulheres, com roupa além do pé”, continua o gerente.
“O que mais a gente percebe é a questão do sapato, que entra no vão entre o rodapé e o degrau da escada rolante”, conta Joel.
Os especialistas também recomendam que as pessoas não caminhem na escada rolante, porque isso aumenta o risco de uma queda.
Situações arriscadas são facilmente flagradas em centros comerciais.
“Eu nunca podia imaginar que um chinelo podia causar um acidente em uma escada rolante”, conta uma mulher no shopping.
Por causa da aderência, calçados de borracha não são recomendados. Cadarços desamarrados também são perigosos. Podem prender na engrenagem.
“A maioria dos acidentes que a gente tem conhecimento são causados pelas falhas de uso. O próprio usuário causou esses acidentes. Então se você conscientizar o usuário e ensiná-lo”, diz o engenheiro mecânico Luciano Grando.
“A gente acha que é tão seguro descer uma escada e que é normal”, diz outra mulher no shopping.
“Hoje a gente tem por obrigatoriedade, por norma técnica de apenas três adesivos. são poucos sinais pra informar as pessoas. e esses adesivos são fixados dentro da escada rolante”, explica Luciano Grando.
Essas normas são internacionais, mas cada prefeitura pode criar uma lei própria exigindo mais avisos de segurança.
“A gente quer que esses riscos também sejam divulgados na parte externa das escadas. Totens, pedestais próximos das escadas rolantes”, afirma Grando.
No ano passado, Lianete levou um susto. A roupa do filho de 12 anos se enroscou no corrimão da escada rolante.
“Minha calca prendeu no corrimão. E depois, foi por conta do peso mesmo, que eu continuei andando”, lembra o estudante Guilherme Longhi.
“Poderia ter sido um fato trágico. É um mecanismo muito perigoso, eu considero perigoso. Hoje eu acho que deveria haver mais segurança envolvida”, diz Lianete Klauck, mãe de Guilherme.
“O perigo está em volta da gente, mas a gente não percebe. A gente não tem noção desse perigo, só tem noção depois que acontece essas coisas”, diz Rafael da Silva Marques, pai de Luisa.
Fonte : G1
Fonte : G1