Dr. Dirceu Rodrigues Alves Jr.
Toda tecnologia que vemos o pedestre utilizando é de alto risco para que aconteça o acidente. É um ato inseguro.
A modernidade leva ao conforto, facilidade, comunicação e muitas vezes coloca o ser humano em condição de risco e produz o surgimento de situação adversa. Os mais jovens dominam com mais facilidade e rapidez a tecnologia. Por isso, são os usuários mais comuns do celular, fone de ouvido e outros, em consequência as maiores vítimas de acidentes quando transitando nas ruas. Os atropelados com lesões múltiplas ocupam leitos dos hospitais. Torna-se uma doença epidêmica.
Múltiplos estudos mostram que a desatenção, imprudência, falta de conhecimentos básicos que deveriam compor a educação de trânsito desde tenra idade, como prevê o Código Trânsito Brasileiro, são motivos importantes que todos, envolvidos com a mobilidade humana deveriam respeitar integralmente.
Para nossa mobilidade temos que manter em alto nível a atenção, concentração, vigília, raciocínio, agilidade motora, grande sensibilidade tátil, visão e audição. Sem isso não conseguiremos reduzir nossos índices de atropelamentos, de óbitos e sequelados no nosso trânsito. Qualquer pensamento que não esteja voltado para mobilidade tem grande possibilidade de levar o pedestre a acidentes desastrosos. O uso da tecnologia encontrada no mercado é utilizada frequentemente por quem está se deslocando a pé ou sobre rodas, o que é extremamente nocivo. Torna-se um ato inseguro que vai propiciar o acidente. Quando conectado ao celular, fone de ouvido ou a qualquer outro equipamento temos redução acentuada dos itens necessários para nossa caminhada como citamos anteriormente. O tempo de resposta às situações adversas, que poderão surgir, serão processadas com lentidão, propiciando a não reação em termos de defesa. O uso do celular e outros equipamentos aumentarão em muito o tempo de resposta.
Em 2012, o DPVAT, Seguradora Líder pagou 25% de suas indenizações a acidentes com pedestres. Vejam que é um índice alarmante.
A legislação para o pedestre é irrisória e quanto à punição inexiste. Daí a necessidade daquela educação que citamos anteriormente. A distração com uso de um fone de ouvido, onde se ouve música ou de um celular pode ser igual a um pequeno acidente com um buraco na calçado ou um degrau que não foi observado. Mas na travessia de uma via ou mesmo sobre a guia pode transformar-se em acidente gravíssimo. Estar atento é uma necessidade constante. A máquina sobre rodas é extremamente perigosa e o pedestre extremamente vulnerável. O tempo nesse processamento é mínimo. O uso do celular aumentará em muito o tempo de resposta.
Há necessidade prioritária da educação como já dissemos, sem ela jamais mudaremos a cultura com relação à mobilidade humana. Conscientizarmos sobre cidadania, respeito, gentileza, preservação da vida, qualidade de vida, atos inseguros, condições inseguras e tudo mais que pode dar ao cidadão a ideia de que manter a sua integridade física é essencial para uma vida saudável e com qualidade.
A tecnologia fica para um momento de lazer e não para atos inseguros que podem propiciar um acidente que não conhecemos as consequências.
Dr. Dirceu Rodrigues Alves Júnior
Diretor de Comunicação e do Departamento
de Medicina de Tráfego Ocupacional da ABRAMET
Associação
Brasileira de Medicina de Tráfego
dirceu.rodrigues5@terra.com.br