O levantamento de perigos e riscos é peça fundamental na prevenção de acidentes



São requisitos baseados nas exigências da OHSAS 18001.

Se sua empresa já segue os conceitos desta norma, possivelmente já fez o levantamento de perigos e riscos, mas se ainda não tem, segue algumas dicas:

Definição de Risco e Perigo:

Perigo = “uma condição ou um conjunto de circunstâncias que têm o potencial de causar ou contribuir para uma lesão ou morte” (Sanders e McCormick, 1993, p. 675)

Risco = “é a probabilidade ou chance de lesão ou morte” (Sanders e McCormick, 1993, p. 675).

Simplificando: Risco é a interação entre o perigo e o ser humano (quando se fala de Segurança do Trabalho)

o Definindo Percepção de Risco

“É o ato de tomar contato com um perigo por meio dos sentidos (audição, tato, visão, olfato, paladar) e avaliar a possibilidade de adoecer ou acidentar-se em decorrência da exposição a ele.”

Como identificar os perigos, avaliar os riscos e definir as medidas de controle.

A fase inicial é preciso conhecer o processo produtivo, identificar todas as etapas de uma atividade, e levantar todos os perigos envolvidos na área fabril e que podem representar algum risco a saúde e segurança dos trabalhadores ou terceiros presentes nas áreas de trabalho. 

Algumas exigências da OHSAS 18001 no processo de identificação de perigos
  • Levar em consideração trabalhadores e demais pessoas que frequentem os locais de trabalho;
  • Definir as atividades que sejam ou não de rotina;
  • Perigos originados na organização que possam causar riscos fora dos limites da mesma. Ex: Incêndio; vazamento de produtos químicos, etc.
  • Perigos identificados fora dos limites da empresa que possam afetar a saúde e segurança das pessoas sob controle da organização nos locais de trabalho. Exemplo: Transporte de produtos químicos, resíduos, etc.
  • Gestão de Mudanças;
  • Obrigações legais aplicáveis relacionadas com a avaliação de riscos e com a implementação das medidas de controle necessárias.

Medidas de Controle devem seguir a seguinte hierarquia visando a redução dos riscos

  • Eliminação;
  • Substituição;
  • Controles de Engenharia;
  • Sinalização/Advertência e ou controles administrativos
  • Equipamento de Proteção Individual
O cálculo do risco é feito através da planilha com levantamento de dados, baseado em registros históricos da empresa. 

O ideal é que a empresa tenha um procedimento para Gerenciamento de Mudanças que esteja vinculada à Planilha de Avaliação de Riscos, pois assim qualquer mudança de processo, layout ou equipamento será automaticamente incluída na lista mestra de Perigos e Riscos.

É recomendável definir um responsável pelo procedimento de Avaliação de Risco e que deve ser informado através de formulário próprio, toda vez que houver a possibilidade de mudança de risco em alguma área (atividade, layout, processo, equipamento).

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Identificação de Perigo e Avaliação de Risco

A gestão de Saúde e Segurança tem a ver com as atividades de controle, produtos e serviços para eliminar riscos inaceitáveis ou reduzi-los a um nível que seja considerado tolerável. O primeiro estágio neste processo é obviamente a identificação dos pontos de controle.

Como a maioria dos outros sistemas de gestão de SSO, a OHSAS 18001 utiliza uma abordagem de análise de risco para se determinar o que necessita ser gerenciado dentro do sistema de SSO e o que não necessita (OHSAS 18001 Cláusula 4.3.1).

Isto envolve dois estágios importantes:

  1. Identificação dos perigos associados a diferentes atividades (um perigo é uma fonte ou uma situação com um potencial para dano, em termos de dano humano ou doença, dano à propriedade, ao meio ambiente ou uma combinação desses).

  1. Avaliação do nível de risco associado ao perigo (risco é a combinação da probabilidade e conseqüência de um evento perigoso específico ocorrer).

Detalhes dos diferentes estágios nesse processo são delineados com mais detalhes abaixo:

Estágio 1 – Identificação do risco


O procedimento deveria fornecer a identificação dos perigos associados com:

  • Atividades rotineiras e não-rotineiras;
  • Atividades de todas as pessoas que tenham acesso ao local de trabalho (inclusive subcontratados e visitantes);
  • Instalações no local de trabalho quer fornecidas pela organização ou por outros.

Para ser completa a organização deveria também considerar atividades históricas, que possam ensejar perigos que necessitem ser gerenciados hoje (p.ex., uso anterior no local de materiais perigosos, tais como asbestos pode ensejar perigos que precisem de gerenciamento hoje).

Um exemplo da associação entre atividades e perigos é mostrada a seguir:

  • Uma atividade, tal como solda, durante a fabricação da carroceria de um carro ensejará vários perigos diferentes incluindo: perigos associados com os gases de solda incluem irritação respiratória; perigos associados com a luminosidade que incluem queimas da retina, perigos associados com metal quente incluem queimaduras e o perigo associado com o uso de eletricidade inclui o choque elétrico.

As empresas podem identificar perigos através da avaliação de documentos históricos, diagramas de fluxo de processos, avaliações anteriores de risco, ou por consulta aos gerentes departamentais relevantes e aos operadores, etc. 

Os auditores deveriam assegurar que esta parte do procedimento esteja plenamente documentada para descrever como os perigos são identificados, e que registros são mantidos para demonstrar que perigos estão associados com que atividades. Os auditores deveriam também determinar se a identificação do perigo está atualizada até a data (os perigos podem mudar quando mudarem as atividades, produtos ou serviços). É comum achar que o processo de identificação de perigo não está adequadamente documentado e que alguns perigos não foram identificados.

A BS 8800, documento guia original da BSI de SSO, recomenda que as organizações realizem uma análise crítica inicial dos arranjos existentes para gerenciar SSO. O objetivo da análise crítica é auxiliar na avaliação do perigo e do risco e avaliar a extensão na qual os controles existentes são satisfatórios. A análise crítica também pode auxiliar na identificação dos perigos adicionais que foram desconsiderados durante a análise prévia. A análise crítica deveria cobrir condições e situações normais, anormais e emergenciais.

Estágio 2 – Avaliação de Risco

Cada perigo deveria ser avaliado para se determinar o nível do risco associado. O risco é a combinação da probabilidade e da conseqüência de ocorrer um evento perigo específico. Há essencialmente dois tipos de avaliação de risco:

Avaliação Básica de Risco – A avaliação básica de risco ignora os controles existentes e, portanto, avalia o risco inerente associado com uma atividade ou situação. É utilizado para identificar se uma atividade ou situação tem um nível suficiente de risco associado para merecer sua gestão através do SG SSO (ou seja, responsabilidades alocadas, desempenho monitorado e auditado, desempenho registrado, treinamento dado, etc.)

Avaliação Residual de Risco – Esta leva em consideração o nível de risco, enquanto a atividade ou situação estiver sob o controle da organização. É utilizada para medir quão bem uma atividade ou situação é gerenciada. Quando o nível de risco residual for inaceitavelmente alto, os controles precisam ser modificados ou o risco eliminado de alguma forma. Este tipo de avaliação de risco é freqüentemente utilizado para identificar objetivos para melhoria do sistema.

As análises de risco Básicas e Residuais são atividades complementares e ambas deveriam ser conduzidas para assegurar que todas as atividades relevantes estejam incluídas no SGSSO e que elas sejam eficazmente controladas.

Ao avaliar a gravidade real ou potencial do dano, há muitos fatores que necessitam ser levados em consideração, incluindo: que partes do corpo podem ser afetadas; o tipo de dano (pequeno – cortes ou contusões menores, moderado – cortes profundos, queimaduras, surdez, grave – amputações, quebras, câncer, morte, etc); & o número de pessoas afetadas.

A probabilidade de ocorrência de um evento perigoso ocorrer é dependente de vários fatores, incluindo-se a freqüência com que ocorre uma atividade, a freqüência de atos inseguros, a duração da exposição, o tipo de controles que existem, a estabilidade inerente de uma situação ou material, etc. 


O próximo passo no processo (antes da avaliação de risco) é estabelecer critérios de classificação para a avaliação de riscos significativos. Os critérios de classificação são as regras pelas quais uma organização determina se um risco deve ser gerenciado.

É importante entender que a avaliação de risco com freqüência é razoavelmente subjetiva, uma vez que é muito difícil calcular números exatos para gravidade e probabilidade. 

Uma vez que os riscos tenham sido calculados, é importante separar os riscos triviais dos importantes (ou seja, identificar os Riscos Significativos). A OHSAS 18001 requer que os procedimentos de identificação de perigo e avaliação dos riscos “forneçam a classificação de riscos e a identificação daqueles que devem ser eliminados ou controlados”.

A OHSAS 18001 não determina qual critério de classificação deveria ser utilizado. Qualquer critério utilizado deveria ser capaz de distinguir entre os riscos básicos triviais, que podem ser ignorados, dos riscos básicos com níveis suficientemente altos que justifiquem um gerenciamento através de um SGSSO. Com relação aos níveis de risco residual o critério deveria distinguir entre os riscos residuais que são toleráveis (ou seja, que o controle existente é suficiente) dos riscos residuais não toleráveis (p.ex. que deveriam ser melhorados).

Os critérios que poderiam ser utilizados poderiam incluir:

·         O risco é significativo se for avaliado como alto, ou seja, se ele exceder algum número limite. Este é o critério tradicional utilizado na maioria dos sistemas.

·         O risco é significativo se for exigido que a atividade ou perigo associado seja controlado, por causa de um requisito legal ou outro qualquer (veja o próximo capítulo). Utilizar esta regra de decisão quer dizer que o tema de legislação de SSO ou outro requisito, deve ser gerenciado dentro do sistema.  Isto auxiliará a empresa a satisfazer o requisito da política de estar em conformidade com os requisitos legais relevantes e outros requisitos. Esta regra de decisão é mais comumente usada para decidir quais atividades precisam ser gerenciadas através do SGSSO (ou seja, isto é usado como um dos critérios de classificação de risco básico). O critério também é usado na análise de risco residual (ou seja, onde os controles não satisfazem as exigências legais e outros requisitos, eles são classificados como precisando de melhoria).

·         O risco é significativo se a atividade ou perigo estiver especificado na política da empresa. Este critério irá assegurar que a empresa gerencie qualquer questão que ela declare em sua política que ela gerenciará. Esta é uma versão dos critérios prévios de classificação desde a política de SSO da empresa que é vista freqüentemente como 'outro’ requisito.

·         O risco é significativo se a atividade ou o perigo associado for tema das visões ou requisitos das partes interessadas. Este critério assegura que as visões das partes interessadas sejam levadas em consideração ao estabelecerem os critérios de classificação. Deve se notar que as visões das partes interessadas podem necessitar classificação, antes que sejam utilizadas como critério de classificação, uma vez que algumas dessas visões podem não ser aceitáveis para a organização.

Qualquer que sejam os critérios de classificação utilizados, os auditores devem avaliar se eles foram adequadamente documentados e aplicados.

As avaliações de risco devem ser abrangentes, mas não exageradamente complexas. Se a avaliação de risco for demasiado superficial e conduzida com muito pouco detalhe, podem restar falhas perigosas de análise, que podem resultar em doença ou dano. Por outro lado, muito tempo gasto sobre detalhe desnecessário pode prejudicar a avaliação de risco como uma ferramenta valiosa.

Equilíbrio é também importante na avaliação do grau de risco. Se a avaliação de risco não for realizada adequadamente e os riscos forem anunciados como aceitáveis, quando em realidade eles não são, isso pode levar a uma sensação de falsa segurança, o que pode aumentar o risco de um acidente.  Igualmente, a afirmação de que tudo é perigoso deixará alguns riscos reais menosprezados, na medida em que as pessoas não conseguem conviver bem com riscos graves.

Um fator chave ao avaliar com exatidão um risco é a discussão com as pessoas afetadas. A avaliação significativa de risco somente pode ser atingida envolvendo-se as pessoas que trabalham na área ou no processo que está sendo avaliado.  Essas pessoas são especialistas, elas estão lá a todo o momento, e sabem o que realmente acontece. Bom senso é uma parte importante da avaliação de risco. O homem tem avaliado situações de risco desde os tempos pré-históricos, todos nós avaliamos rotineiramente os riscos de cruzar a estrada. Você pondera a situação, e, em seguida, utiliza seu julgamento e toma uma decisão. A única diferença com as avaliações de risco que estamos discutindo aqui é que elas necessitam ser documentadas. O processo formal de avaliação de risco também nos força a olhar as coisas de novo que, de outra forma desconsideraríamos em nosso dia-a-dia. A avaliação de risco deveria ser vista como uma ferramenta valiosa e não algo desnecessário e inconveniente.

Os auditores têm que analisar o procedimento de avaliação de risco para ver se este satisfaz os requisitos referidos acima (ou seja, se ele é documentado, se seu escopo é abrangente, se classifica os riscos). Os auditores devem verificar a avaliação de risco para ver se todos os riscos foram adequadamente avaliados de acordo com o procedimento documentado, e se os critérios de significância foram aplicados corretamente. Os registros do processo de avaliação devem ser mantidos (para demonstrar que tenha sido feito adequadamente) e esses devem ser inteiramente verificados.

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