“Vá e Volte”.
Dr. Dirceu Rodrigues Alves Jr
Os riscos na direção veicular são
constituídos pelos “atos inseguros” e “condições inseguras”. Participam desse
elenco a negligência, imprudência e imperícia.
O homem é o ator
principal no acidente.
Risco é tudo
aquilo capaz de tirar a atenção, concentração, percepção, vigilância, visão,
audição, reduzir os reflexos e sensibilidade tátil como também o não uso dos
equipamentos de proteção, a deficiência na manutenção de equipamentos e
máquinas, tudo concorrendo para produzir acidente ou doença.
Ato Inseguro - é todo aquele ato produzido pelo
indivíduo que pode levá-lo a um acidente ou doença. Citamos exemplos:
- Esticar-se para mexer no porta-luvas com veículo em movimento;
- Tirar as mãos do volante;
- Acender cigarro (Fumar);
- Usar celular ou similar;
- Digitar;
- Manipular GPS com veículo em movimento;
- Uso de álcool e drogas;
- Colocar cinto de segurança com o veículo em movimento;
- Uso inadequado da buzina, faróis e pisca alerta;
- Direção ofensiva (xingar, gestos obscenos, brigar);
- Não obrigar o uso do cinto de segurança no banco traseiro;
- Observar tranca das portas;
- Dirigir cansado ou com sono;
- Não manter a velocidade recomendada;
- Não manter a distância entre veículos;
- Deixar de sinalizar quando houver mudança de rumo ou de pista;
- Não respeitar sinalização;
- Desatenção.
Lembramos que o motorista é o
responsável pela segurança de todos que estão dentro e fora do veículo.
Condição Insegura –
é tudo que se
encontra no ambiente de operação que poderia levar ao acidente ou doença, são
eles:
- Manutenção precária da máquina, suspensão, amortecedores, freios;
- Parte elétrica, lanternas, faróis não funcionando;
- Pneus em mau estado, alinhamento, balanceamento e calibragem irregular;
- Deixar de sinalizar quando houver enguiço;
- Falta de apoio para a cabeça;
- Ruas esburacadas;
- Falta de sinalização.
- Equipamentos de segurança.
Agora que conhecemos alguns atos e
condições inseguras, vamos comentar um por um, começando pelos:
Atos inseguros:
- Esticar-se para mexer no porta-luvas.
Ato
muito comum e que é causa de acidentes. Para fazer tal movimento consumimos em
média 4 segundos. A 100
Km/h teremos percorrido nesses 4 segundos
aproximadamente 110
metros . Estaremos mantendo apenas a mão esquerda no
volante e estaremos com o tronco fletido e sem nenhuma visão frontal e da parte
traseira. Estaremos susceptíveis a ocorrência de acidentes.
- Tirar as mãos do volante.
Um
veículo sem balanceamento, alinhamento, com pneus desgastados ou mesmo problema
mecânico de rodas não manterá a direção quando tiramos as mãos do volante. E se
necessitarmos de uma manobra brusca teremos problema.
- Acender cigarros e Fumar.
São riscos que o fumante não considera, mas
acender um cigarro com isqueiro à noite produz, pela claridade, contração das
pupilas, reação de ofuscamento que precisamos em média de 3 a 4 segundos para que a
pupila volte á posição anterior.
A
100 Km/h teríamos tido um deslocamento de aproximadamente 83 a 111 metros e muita
coisa poderia acontecer nesse trajeto.
Com
o fósforo o risco é somado à possibilidade de fragmentos de fósforo
incandescente saltarem sobre o rosto ou corpo produzindo queimaduras e reação
espontânea de autoproteção, o que poderá ser causa de acidente.
Existe
ainda o risco da brasa do cigarro com o vento cair sobre o corpo do indivíduo
produzindo a mesma reação de autodefesa. Pode ainda a cinza jogada pelo vento
cair nos olhos ou sobre o passageiro do banco traseiro.
- Uso do Celular
Ninguém
se sente tranquilo ao escutar o celular tocar, a reação instintiva é levar a
mão ao aparelho em qualquer situação.
Ao
acioná-lo existem expectativas, tensão e com isso desvia-se a atenção
totalmente e passa-se a dirigir mecanicamente. Deixamos de mensurar riscos,
distâncias e passamos a viver emoções do que é conversado. Seguramos o volante
com uma das mãos e não temos como passar a marcha. É um ato de extrema
insegurança. Estaremos concentrados no que estaremos ouvindo e falando. Ao
adentrar o veículo desligue o celular. Lá estarão gravados os contatos feitos.
Quando estacionar, em local seguro, entre em contato.
- Colocar o cinto de Segurança com o Veículo em Movimento.
Olha
o risco aí
- Dar a ré sem voltar-se para trás.
Os
pontos cegos na direção veicular estão presentes. Usando-se somente os espelhos
retrovisores para praticar esta manobra conseguimos delimitar os pontos fixos,
não temos medida de profundidade e não visualizamos estruturas em deslocamento
como no caso de pedestres, animais, etc.
O
domínio da manobra torna-se muito mais fácil e mais seguro quando voltamos para
trás.
- Não uso do cinto de segurança.
Este
é um equipamento indispensável, dá ótima proteção quando de três pontos numa
desaceleração brusca ou colisão protegendo traumas de quadril (100%), Coluna
(60%), face e crânio (56%), tórax (45%) e abdome (40%).
- Colocar braço para fora da janela.
Este
é um hábito comum. As mãos devem estar permanentemente ligadas ao volante. O
cotovelo não deve ser apoiado na janela e tão pouco sinalizar com o braço ou a
mão. A sinalização para mudança de direção é luminosa.
- Uso inadequado da buzina, faróis e pisca alerta.
O
pisca alerta é um sistema para dar segurança quando temos que parar devido à
pane do veículo ou em situações de risco de acidente. Jamais devemos usá-lo com
o veículo em movimento.
- Não manter a distância entre veículos
A
importância de manter-se distante do veículo da frente 10 a 20 metros é necessária
para que se tenha tempo hábil de se brecar ou fazer manobra brusca em condições
anormais.
Condições inseguras
- Manutenção precária da Máquina, suspensão, amortecedores, freios, etc.
Esta é uma preocupação permanente de quem
assume a direção de um veículo. As revisões periódicas e adequações necessárias
são prioridades.
- Lanterna e faróis não funcionam.
No período diurno e noturno o sistema luminoso
do veículo tem que estar perfeito. Uma lanterna ou um farol queimado gera
situação de risco.
- Pneus em mau estado, alinhamento, balanceamento e calibragem irregular.
Nestas
condições a frenagem fica prejudicada, muitas vezes por falta de aderência. A
aquaplanagem, derrapagem e outras situações serão mecanismos desencadeadores de
acidentes.
- Não sinalizar para a mudança de rumo ou pista.
É
essencial que sinalizemos para avisar que vamos mudar de pista ou virar a
direita ou esquerda.
- Deixar de sinalizar quando houver enguiço.
Ao
parar na pista ou no acostamento por uma pane ou acidente devemos proceder á
sinalização para segurança de todos. O uso do pisca alerta, o triângulo à
distância de aproximadamente 20 metros para trás do veículo no sentido do fluxo
serão elementos importantes na prevenção de sinistro. Pode-se valer também de
galhos de árvores e pessoas que possam de maneira segura, usando uma camisa,
por exemplo, sinalizar.
- Falta do apoio para a cabeça.
Na desaceleração brusca é comum ocorrer o
“efeito chicote”, que é o movimento brusco da cabeça para frente e em seguida
jogada para trás, produzindo lesões na coluna cervical e muitas vezes do canal
medular, podendo levar a morte imediata por parada respiratória seguida de
parada cardíaca ou levar o indivíduo a ficar tetraplégico.
- Ruas esburacadas e sem sinalização.
A falta de manutenção e sinalização das vias
públicas são condições inseguras que vão gerar sinistros.
- Falta de manutenção do ar refrigerado.
A
manutenção permanente desse equipamento é essencial para prevenção de doenças
respiratórias (infecções, alergias, etc.)
- Em caso de acidente.
Se
tiver condição de locomoção deixe o veículo, sinalize vinte metros para trás e
para frente se a via é de mão dupla. Veja se existe vítima, tente tranquilizá-la
colocá-la em posição de conforto sem mobilizá-la. Entrar em contato com o
resgate da rodovia.
Combater ato inseguro e
condição insegura constitui atitude essencial na área de segurança veicular e
consequentemente na redução dos acidentes de trânsito.
“Vá e volte”...
Dr. Dirceu Rodrigues Alves
Júnior
Diretor de Comunicação e
Chefe do Departamento de Medicina de
Tráfego
Ocupacional da ABRAMET
dirceu.rodrigues5@terra.com.br
www.abramet.org.br