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O governo
transita na contra mão, parece não perceber a conta a ser paga com os acidentes
de trânsito pelo próprio governo, pela empresa, pela sociedade como um todo, além
da brutal queda da produção brasileira.
Estamos
perdendo vidas, nosso crescimento populacional caindo. Tudo nos leva crer que
cairá a produção, arrecadação, investimentos e teremos dificuldades para pagar
aposentados e pensionistas em curto prazo.
Dr. Dirceu Rodrigues Alves
Precisamos
acordar para o fato, as fatalidades e os sequelados no nosso trânsito, por
completo abandono da classe política, causam prejuízos incomensuráveis.
Revendo
dados da Previdência Social, vejo que praticamente um terço dos acidentes de
trânsito foi caracterizado como acidente de trabalho. Enfermarias, salas de
pronto socorro e UTIs dos hospitais públicos abarrotados de vítimas do
trânsito. Serviços de fisioterapia, reabilitação saturados. Recursos humanos
escassos para atendimento a essa população. Vagas hospitalares, agendamento de
exames e consultas limitados.
Mas é coisa
lógica, quem está na rua está trabalhando ou indo e vindo do trabalho. Precisamos
entender que acidente de trabalho não é só aquele que ocorre dentro da empresa,
mas também aquele que ocorre no deslocamento do trabalhador da porta de sua
residência ao local de trabalho, assim como no retorno. Isso é chamado de
acidente de trajeto e como tal, é também um acidente de trabalho. Além disso,
aqueles que são profissionais do volante e do guidão da motocicleta, quando no
exercício da atividade sofrendo acidente será caracterizado como acidente de
trabalho.
Com tudo
isso, 252 mil cidadãos que estiveram envolvidos em acidentes de trânsito no ano
de 2010 no nosso país, 94.789 receberam o Comunicado de Acidente de Trabalho
(CAT), que foram registrados na Previdência Social.
O prejuízo
causado à empresa e ao Estado é inestimável. Quantos incapacitados
definitivamente estarão sendo sustentados pela sociedade? E no decorrer de
tantos anos, milhares morreram ou se tornaram incapacitados definitivamente e
que dependerão de todos nós para sua manutenção. Quantos já se encontram nessa
situação?
Esse é outro
lado do custo dos nossos acidentes.
A prevenção
é a arma a ser usada, atuando na educação desde tenra idade até a fase adulta
conseguindo dessa forma mudança radical da cultura com relação à mobilidade.
Cursos de formação de condutores condizentes, com treinamentos e experimentos
em pistas próprias. Isso é o básico necessário que não tenho dúvida reduzirá de
maneira substancial os graves acidentes urbanos e rodoviários que são
estampados diariamente nos jornais. Isolar veículos pesados dos leves, dimensionar
pista que atenda aos veículos pesados que são ampliados a cada ano. Pavimentar
e sinalizar vias fazendo manutenção. Mas
não é só isso, fiscalização e multas severas em curto prazo teria caráter
preventivo. Recolhimento da carteira nacional de habilitação e punições
severas. Ainda, montadoras produzindo veículos mais resistentes ao impacto e
com manutenção permanente, quando não realizada, estipular prazo de validade. E
vai por aí, a prevenção multidisciplinar nos traria a um percentual bem
diferente do que temos hoje.
O custeio do
acidente, do tratamento, da pensão, do auxílio acidente de trabalho e doença
ocupacional, a queda da produção, o aumento do custo de produção e tudo mais,
terá um decréscimo acentuado.
E porque não
se age nesses agentes causais? São múltiplos na verdade, mas há que se ter
lideranças para imprimir força pluridimensional para conter esse absurdo que
estamos a assistir.
O governo sabe
o que fazer, não entendo porque não faz.
A parceria
de governo, ministérios, uma força política, a colaboração e participação
efetiva da classe empresarial e da sociedade levará esse país a sair do
terceiro lugar no rank mundial de óbitos no trânsito. Vale lembrar que ocupa
esse lugar contabilizando apenas os óbitos, mas se fossemos comparar com a
frota de outros países, o Brasil estaria em primeiro lugar desse fatídico rank.
Dr. Dirceu
Rodrigues Alves Júnior
Diretor de Comunicação e do Departamento de
Medicina de Tráfego
Ocupacional da ABRAMET
Associação Brasileira de
Medicina de Tráfego