Dr. Dirceu
Rodrigues Alves Júnior
O engarrafamento e a lentidão do trânsito levam à perda da liberdade de ir e vir, gera insatisfação, estresse, altera função orgânica e é capaz de gerar distúrbio de comportamento. O autocontrole é essencial em ambiente de desconforto.
A irritabilidade é o primeiro sintoma manifesto e é quase sempre uma resposta excessiva a esse estímulo de ansiedade no trânsito. É na realidade uma resposta dos sentimentos do indivíduo. Manifesta-se com maior ou menor intensidade dependendo da formação, caráter, personalidade e uma série de outros fatores externos e internos. A complexidade do organismo humano muitas vezes leva a um desequilíbrio que pode ser notado não só pelo indivíduo como por aqueles que estão ao redor.
O aumento do potencial elétrico nas pessoas pode ocasionar perturbações nas funções dos neurotransmissores, por exemplo, e isso ser notado.
Sabemos que torres de celular, antenas de TV e altos níveis de poluição eletromagnética na atmosfera provocam aumento do potencial bioelétrico que é capaz de provocar alterações nas ligações neuronais e baixa produção de serotonina. Esta substância é além de sedativa e calmante, é aquela capaz de elevar o humor e produzir sensação de bem estar.
Na lentidão e no engarrafamento do trânsito com estresse físico, psicológico, social, com desvitalização bioenergética, perde-se o controle dos impulsos, ocorre queda da serotonina que por sua vez reduz os neurotransmissores controladores do comportamento explosivo (“diz-se que o indivíduo está com pavio curto”).
Outros fatores psicológicos e psiquiátricos como compulsão, transtorno explosivo intermitente (TEI), sociopatias, transtorno obsessivo compulsivo (TOC), depressão, ansiedade, problemas afetivos, agressividade e outros têm baixa produção da serotonina. É essa serotonina elevada que nos mantém alegres, bem humorados, tolerantes e em equilíbrio. É na realidade um dos mais importantes neurotransmissores.
A perda do controle significa que o nível de serotonina está baixo, podemos aí reagir com distúrbios de comportamento dependendo daqueles fatores psicológicos e psiquiátricos e outros fatores pessoais. Podemos chegar à impulsividade, agressividade e a violência verbal, gestual e física. O que, aliás, é hoje muito comum no nosso trânsito.
O distúrbio de comportamento pode manifestar-se também com negligência e imprudência como produto da agressividade. Dar fechada, jogar farol alto, colar na trazeira e por aí vai.
Tudo isso causa no motorista envolvido nesse trânsito louco das grandes cidades, exacerbação do estresse físico, psicológico e social. Nos portadores de um perfil potencialmente psiquiátrico, os surtos patológicos afloram e podem agravar-se.
É uma das causas do “Road Rage” (fúria no trânsito).
Outros sinais e sintomas podem ser percebidos como:
- taquicardia (batimento cardíaco acelerado)
- taquipnéia (frequência respiratória aumentada)
- extrassístoles (batimento cardíaco irregular)
- elevação da pressão arterial
- dor no estômago
- enjoo
- transpiração (suor)
As que mais sofrem são as pessoas tensas, apressadas e ansiosas.
O quê fazer?
- buscar permanentemente o equilíbrio
- não buscar explicações para o problema
- relaxe
- coloque música ambiente
- sente-se confortavelmente
- faça um alongamento
- mantenha o bom humor
- converse com o passageiro ou o parceiro de infortúnio
- troque gentilezas
- coloque uma coisa doce na boca
Lembre-se que todos que estão no trânsito são parceiros de infortúnio e não inimigos. O autoestímulo, bem como o estímulo de cada um que se encontra na lentidão ou no engarrafamento, seja com um sinal positivo, com uma palavra de conforto, com uma simples brincadeira, uma gentileza serão certamente agentes atenuantes do desgaste físico, mental e social que todos estão vivendo.
Uma conversa, uma brincadeira, pode aumentar a produção da serotonina e sairmos daquela realidade para momentos felizes quando nos ocupamos com outra atividade de lazer.
Dr. Dirceu
Rodrigues Alves Júnior.
Diretor de Comunicação e do Departamento de Medicina de Tráfego
Ocupacional
da ABRAMET
Associação Brasileira de
Medicina de Tráfego