Os princípios andragógicos no contexto do processo de ensino-aprendizagem

Andragogia é a arte ou ciência de orientar adultos a aprender, segundo a definição creditada a Malcolm Knowles, na década de 1970. O termo remete a um conceito de educação voltada para o adulto, em contraposição à pedagogia, que se refere à educação de crianças (do grego paidós, criança).
Para educadores como Pierre Furter (1973), a andragogia é um conceito amplo de educação do ser humano, em qualquer idade. A UNESCO, por sua vez, já utilizou o termo para referir-se à educação continuada.
"Andragogia é a arte de causar o entendimento." - Franklin Wave
Ciência que estuda as melhores práticas para orientar adultos a aprender. É preciso considerar que a experiência é a fonte mais rica para a aprendizagem de adultos. Estes são motivados a aprender conforme vivenciam necessidades e interesses que a aprendizagem satisfará em sua vida. O modelo andragógico baseia-se nos seguintes princípios.
1. Necessidade de saber: adultos precisam saber por que precisam aprender algo e qual o ganho que terão no processo.
2. Autoconceito do aprendiz: adultos são responsáveis por suas decisões e por sua vida, portanto querem ser vistos e tratados pelos outros como capazes de se autodirigir.
3. Papel das experiências: para o adulto suas experiências são a base de seu aprendizado. As técnicas que aproveitam essa amplitude de diferenças individuais serão mais eficazes.
4. Prontidão para aprender: o adulto fica disposto a aprender quando a ocasião exige algum tipo de aprendizagem relacionado a situações reais de seu dia-a-dia.
5. Orientação para aprendizagem: o adulto aprende melhor quando os conceitos apresentados estão contextualizados para alguma aplicação e utilidade.
6. Motivação: adultos são mais motivados a aprender por valores intrínsecos: autoestima, qualidade de vida, desenvolvimento.
Fonte : wikipedia

Os princípios andragógicos no contexto do processo de ensino-aprendizagem
A educação de adultos é um tema que tem transitado em muitas publicações que se destinam a abordar métodos educacionais, cuja proposta é a de ultrapassar os limites do ensino tradicional. Dentre esses métodos, encontra-se a teoria andragógica fundamentada em princípios educativos. Ela se distingue do ensino tradicional por considerar atributos (ou especificidades) do sujeito da aprendizagem, na condição de adulto. A política nacional orienta como diretriz, para o ensino, um modelo de ensino inovador capaz de capacitar os profissionais para responder às demandas. Esta tese se constitui de um estudo qualitativo, cujo objetivo é o de analisar a possibilidade de aplicação dos princípios da teoria andragógica.
Cabe dizer que os princípios da teoria andragógica foram analisados a partir de seis categorias:
·         Propósito da Educação;
·         Natureza do Sujeito da Aprendizagem;
·         O Papel da Experiência na Aprendizagem;
·         Controle da Experiência de Aprendizagem;
·         Avaliação; e
·         Relacionamento professor-aluno e aluno-aluno.
Observou-se que os documentos que norteiam a formação orientam-se por diretrizes inovadoras de ensino, que urgem ser implementadas, e os princípios andragógicos parecem colaborar com esse propósito, por revelarem-se sintonizados com o modelo de ensino esperado. Notou-se também que os docentes e os discentes reconhecem inadequações do ensino tradicional diante das demandas do novo currículo e expressam a necessidade de capacitação para tal transformação, uma vez que eles acreditam que as mudanças poderão qualificar o ensino. Conclui-se que o modelo de educação superior tem se orientado pelo ensino tradicional, entretanto, como as diretrizes nacionais orientam para as inovações curriculares, como possibilidade de aplicação dos princípios andragógicos no processo ensino-aprendizagem.
A orientação para a aprendizagem
 Adultos e crianças apresentam diferenças na perspectiva de utilização do aprendizado, ou seja, quando vão utilizar o que precisam aprender. Para as crianças há uma perspectiva de aplicação futura de sua aprendizagem; por outro lado, os adultos vivem a expectativa de uma aplicação imediata. Eles, normalmente, se engajam em atividades educacionais por pressões decorrentes de situações da vida pessoal ou, mais ainda, da profissional, estas a cobrar-lhes capacidade de solução ou enfrentamento. São implicações relativas à prática e decorrentes das diferenças na orientação da aprendizagem: a) A orientação do educador de adultos: como há diferenças entre adultos e crianças, o educador também deve fazer diferença na orientação do ensino deles. O educador de jovens e crianças, possivelmente, deve estar preocupado com o desenvolvimento lógico dos objetivos das matérias e sua articulação passo a passo de acordo com os níveis de complexidade. Já o educador de adultos deverá estar, primeiramente, atento às preocupações existenciais dos indivíduos, ou das instituições onde eles estão inseridos, e ser capaz de desenvolver experiências de aprendizagem que deverão estar articuladas com tais preocupações. b) A organização do currículo: a base original da organização de um currículo compõe-se de disciplinas, dispostas em ordem crescente de complexidade; no entanto, com a emergência do pensamento andragógico, esse modelo de currículo já não parece adequado, porque, como os aprendizes adultos têm a orientação da aprendizagem centrada em situações-problema, é apropriado organizar o currículo em sequência de aprendizagem por áreas do problema, e não por disciplinas. c) O design da experiência de aprendizagem: a orientação centrada em situações-problema, implica em que o mais apropriado ponto de partida, para qualquer experiência de aprendizagem, são os problemas e os interesses que os adultos demonstram e como eles apresentam. A boa experiência se dá quando o aprendiz identifica o que desencadeou o problema, não o problema em si, mas suas causas, o que gerou a situação objeto de estudo.
Alguns princípios adicionais sobre o ensino e aprendizagem
O elemento crítico, em qualquer programa de educação de adultos, é o que acontece quando o professor encontra-se face a face com um grupo de alunos. Na aproximação andragógica, o processo ensino-aprendizagem tem como premissa três princípios adicionais sobre ensino e aprendizagem: a) Adultos podem aprender: a proposição central do movimento pela educação de adultos baseia-se na concepção de que o adulto pode aprender. Estudos recentes sobre a aprendizagem do adulto indicam que a capacidade inata de aprender permanece inalterada ao longo da vida, apenas ocorre um declínio na rapidez de aprender, porém não na capacidade intelectual. Tal declínio pode ser minimizado pelo uso continuado do intelecto. b) A aprendizagem é um processo interno: historicamente, há a tendência de se pensar a educação como transmissão de informação e a aprendizagem quase como um processo exclusivamente intelectual, organizada como um depósito de fatos acumulados que ocupam compartimentos na mente. Nessa visão da aprendizagem, fica implícito que se trata de um processo externo, uma vez que o conteúdo aprendido é determinado por forças exteriores ao aluno, tais como o conteúdo exposto pelo professor e a qualidade dos recursos didáticos. O desenvolvimento de pesquisas sobre o que realmente acontece no processo de aprender, tem colocado em risco essa concepção tradicional sobre o processo da aprendizagem. Embora ainda não haja concordância sobre a precisa natureza do processo de aprendizagem, há o consenso de 50 que ocorre um processo interno controlado pelo sujeito, que inclui as funções intelectual, emocional e psicológica. A aprendizagem é descrita, psicologicamente, como um processo do encontro entre necessidade e meta de esforço dos aprendizes. Diante disso, os indivíduos são motivados a se engajarem na aprendizagem quando sentem a necessidade de aprender e a percebem como uma meta pessoal que poderão alcançar com o auxílio da aprendizagem. A dinâmica central do processo de aprendizagem é, assim, percebida como uma experiência de interação entre os aprendizes e o ambiente deles. A qualidade e o valor da aprendizagem são influenciados pela qualidade e pelo valor das interações entre os aprendizes e o ambiente e também pelo potencial educativo desse. A primordial implicação para a prática da educação de adultos, a partir do fato que a aprendizagem é um processo interno, deve-se aos métodos e às técnicas que envolvem o indivíduo, profundamente, em questionamentos autodirigidos durante a busca de informações, porque estes produzirão uma maior aprendizagem. c) Existem condições superiores de aprendizagem e princípios de ensino: o conhecimento acumulado sobre o processo de aprendizagem do adulto indica que certas condições de aprendizagem são mais favoráveis ao crescimento e ao desenvolvimento do que outras. Tais condições superiores parecem ser promovidas por práticas de ensino-aprendizagem que aderem a certos princípios de ensino, (KNOWLES, 1980, p.57-58), que estão expostos no Quadro 2. Na compreensão de Alcalá (2005), a metodologia caracterizada por ser ativa, participativa, crítica e criativa valida a andragogia como uma ciência. E como tal, possui bases firmes, representadas pelo cumprimento das principais características fundamentais da ciência: democrática, horizontal, independente, autônoma e participativa.




Considerando o exposto sobre a orientação do ensino de adultos, torna-se evidente que os programas de educação para eles não devem estar centrados em matérias, mas orientados por metas para a resolução de problemas pessoais e profissionais. Para tanto, há a necessidade de prover um clima próprio de vida adulta, que respeita e considera as contribuições e os interesses de cada participante, cujo ensino é orientado para o que deve ser aprendido, como deve ser planejado e avaliado. O Quadro 3 apresenta um quadro-resumo do modelo comparativo entre o projeto de ensino no modelo tradicional e no andragógico (KNOWLES, 1978, p. 110).





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