Na manhã da sexta-feira (20), a Diretoria de Responsabilidade Social da Globo e a Fundação SOS Mata Atlântica promoveram, no Museu de Arte do Rio (MAR), a mesa redonda “Outras Vozes do Velho Chico”, que discutiu como uma novela pode ajudar a popularizar o conceito de sustentabilidade. A jornalista Sônia Bridi mediou o debate com a participação de Rodrigo Medeiros (Conservação Internacional Brasil), Malu Ribeiro (SOS Mata Atlântica), Pedro Paulo Diniz (Fazenda da Toca) e Fernando Viana (Ecoaba e Vale das Palmeiras). O debate teve ainda a contribuição do ator Marcos Palmeira, que enviou um vídeo com comentários.
A agroecologia, o consumo consciente, a integralidade do conceito de meio ambiente e o processo de abordagem destes temas nos capítulos da novela “Velho Chico” foram temas do debate.
Em sua participação por vídeo, o ator Marcos Palmeira, que também é produtor de orgânicos, justificou sua opção pelo não uso de agrotóxicos: “A minha ficha caiu quando comprei a minha fazenda e os funcionários não comiam aquilo que plantavam”.
Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica, ressaltou em diversos momentos do debate que o modelo de desenvolvimento brasileiro, quando calcado em projetos mal executados, têm custado a saúde dos rios do país. Ela defende que a recuperação dos rios depende da atuação conjunta de diversos setores: ” Tudo que a gente faz na bacia hidrográfica e nas cidades se reflete nos rios. Não dá para defender a água e as florestas se não tiver parceria com agricultores familiares, quilombolas, índios, grandes empresas e a população dos grandes centros urbanos”.
Malu ressaltou os sentimentos de identificação evocados pela novela, e lembrou que outros grandes rios brasileiros estão sofrendo com a degradação, com o exemplo do Tietê: “assim como o personagem da novela, um pescador que chora pelo desaparecimento dos peixes no Velho Chico, eu senti muito a falta do Rio Tietê. Era um rio onde eu nadava quando pequena e que em poucas décadas se tornou impróprio para banho. Pode levar mais de 50 anos para ser despoluído.”
Rodrigo Medeiros, da Conservação Internacional, ONG que faz a colaboração técnica para o conteúdo da Velho Chico, ressaltou que “a parceria para esta novela é algo inédito, em que os autores se propuseram a abrir e discutir o roteiro”. Para Rodrigo, “a urbanização trouxe um distanciamento entre o que a gente vê e aquilo que a gente consome no dia a dia”. Por isso, “utilizar as novelas – um veículo tão popular – e trazer para dentro do seu conteúdo essa mensagem de como a natureza é importante para a população é uma oportunidade única. É a melhor forma de incorporar a cultura da sustentabilidade na vida das pessoas.”
É preciso repensar o uso de soluções artificiais para aumento da produtividade, defende Pedro Paulo Diniz, da Fazenda da Toca. “As soluções de combate às pragas acabaram ajudando a criar novos problemas, como as pragas mais resistentes. A própria natureza pode trabalhar a nosso favor, e sem custos.” Diniz citou o exemplo da polinização no cultivo do maracujá, que naturalmente é realizada por abelhas.
A mesa redonda integrou a programação do Viva a Mata 2016, evento anual da Fundação SOS Mata Atlântica que lembra o Dia Nacional da Mata Atlântica (27 de maio). O evento teve o patrocínio do Bradesco Seguros, apoio da Fundação Roberto Marinho, Museu do Amanhã, Instituto de Desenvolvimento e Gestão, Museu de Arte do Rio, Instituto Odeon, Fazenda Culinária e TAM.
O encontro também lançou a 9ª edição dos Cadernos Globo, Vozes do Velho Chico, que aborda ‘o rio’ , ‘a terra’ e ‘a gente’ por meio de artigos, entrevistas e reportagens, além de ter exibido um minidocumentário produzido por estudantes e estagiários da Universidade Vale do São Francisco (Univasf) sobre o perfil de moradores da região.
Fonte: SOSMA - SOS Mata Atlantica
Fonte: SOSMA - SOS Mata Atlantica