Paola Rodrigues é escritora,
roteirista e mãe. Escreve nos blogs Cartas para Helena e Não Pule da Janela, onde discute temas que englobam
a maternidade e sociedade. Neste post ela
lista filmes infantis que tratam do tema da preservação ambiental. “Acho que
essa lista é essencial para crianças, mas diz muito sobre adultos. Diz muito
sobre o mundo em que vivemos e nossa intensiva campanha em destruí-lo”, diz a
roteirista Paola.
Ela aconselha que você reserve uma tarde, faça algo gostoso para comer e
sente com seu filho para ver algum destes títulos. “Mais importante que
apresentar lições e conteúdo de qualidade para crianças, dar o exemplo tem sido
o melhor dos métodos”.
Confira a lista!
1. O Lorax: Em Busca da
Trúfula Perdida
É o melhor filme infantil para discutir destruição, conservação e
restauro do meio ambiente, e ainda tem pitadas geniais de como a indústria se
beneficia e distorce nosso senso do que é correto. O filme é baseado no livro
do Dr. Seuss, que foi um cartonista e desenhista americano responsável por
personagens como O Gato de Cartola, Grinch e Lorax.
No filme temos Ted, um menino com ótimas intenções: conseguir um beijo
da garota que gosta, mas ela é uma ativista [yey!] e completamente apaixonada
pela história das Trúfulas, árvores que foram extintas antes dos jovens
personagens nascerem. Então acompanhamos a busca de Ted pela última Trúfula e o
retorno ao passado de Thneedville, a cidade feita de plástico onde as árvores
são mantidas com pilhas.
Retornamos na história do filho rejeitado que busca a aprovação da mãe.
Um dia ele resolve partir em busca de um futuro melhor – leia-se: impressionar
a família – e descobre uma linda floresta de Trúfulas; no primeiro momento ele
fica maravilhado, mas já vai logo tirando o machado e cortando uma das lindas
árvores para fazer um “lindo” e super prático tecido. Nessa chega Lorax, o
Guardião da Floresta, que entra de forma triunfal para colocar nosso
Umavez-ildo no lugar. Só que a ambição humana é implacável e isso fica muito
evidente durante o filme, que tem músicas fantásticas, uma animação linda e um
dos melhores roteiros que Paola já viu.
O estúdio que criou O Lorax para os cinemas, Illumination
Entertainment, é o mesmo do Meu Malvado Favorito, então corre e vai lá
ver.
2. Nausicaä do Vale do Vento
Esse filme é uma das obras primas de Hayao Miyazaki, diretor e
roteirista japonês responsável pelo Studio Ghibli, lugar onde nascem os
filmes mais lindos do mundo. Se você nunca ouviu falar em nenhum desses dois
nomes, corra procurar sobre e veja todos os filmes com seus filhos.
Dias de Fogo é um evento conhecido por ter destruído o ecossistema da
Terra e a civilização humana. Os que restaram do grande evento de esforçam em
conseguir sobreviver, já que o clima e as condições são áridas e a população
teve que recorrer a tecnologia para se manter, isolados em pequenos impérios.
Nausicaä é uma princesa de um pequeno império no Vale do Vento, que além
de tentar conter as investidas de outros reinos, também estuda uma floresta
chamada Mar da Corrupção, cheia de plantas, fungos e insetos gigantes, onde o
ar é tóxico e tem devastado todo o planeta com seus danos. Ao contrário do
restante da população, Nausicaä se sente fascinada pela floresta e acredita que
ela possuí belezas, mesmo depois dos danos terem causado a morte de quase toda
a sua família.
É uma história linda sobre o quão nocivo podem ser os danos causados
pelos seres humanos na natureza, mas que nem tudo está perdido. E foi a
primeira produção do Hayao Miyazaki, já que enquanto a Disney lançava sua
Branca de Neve, os japoneses do outro lado do mundo mostravam que meninas podiam
ser cientistas e voar!
3. WALL-E
A história se passa num futuro
distante onde a Terra está destruída e soterrada em lixo. Tudo isso aconteceu
por nosso cultura consumista, que engoliu, processou e vomitou até que o
planeta estivesse sem recursos naturais e com tranqueiras empilhadas sobre
tudo; e claro que isso aconteceu com a ajuda de uma megacorporação,
a Buy-n-Large , que também foi a responsável pela retirada da
população humana da Terra até ela se “restabelecer”. Nossa sociedade começou a
viver em naves no espaço, sedentários, se alimentando de porcarias, até que se
viram impossibilitados de caminhar.
Nós começamos a acompanhar a rotina de WALL-E, um robô coletor de lixo
que vive na Terra, sozinho, sendo fofo. Até que um dia chega a EVA, outro robô,
mas nesse caso ela foi enviada para buscar vida na Terra… e calha que WALL-E
tem surpresas. E assim começa a aventura, com o robô fofo correndo atrás da
super high tech.
4. Minúsculos [Minuscule – La vallée
des fourmis perdues]
Essa linda e bem escrita produção francesa não fala diretamente sobre o impacto humano no meio ambiente, mas conta a história de uma guerra entre formigas com riqueza bélica, tática e de humor quando uma cesta de piquenique é abandonada.
Um casal saí correndo quando a mulher entra em trabalho de parto e deixa
toda a comida do piquenique no local, gerando a trama dessa animação que dura
poucos minutos, não tem nenhum diálogo, mas deixa nosso coração cheio de
ensinamentos de trabalho em equipe, generosidade e como decisões humanas podem
impactar na vida de outros seres, mesmo sendo “apenas” formigas.
Nossa Joaninha-macho que toma partido na guerra é acolhida de forma
muito divertida pelo grupo e se vê engolida por forças mais potentes que seus
curtos braços. É um daqueles filmes para se assistir junto com a família e além
de se deliciar com uma arte realmente bem produzida, ver uma versão dos filmes
com formigas muito bem feita e didática quando discutida.
5. O Mundo dos Pequeninos
Esse filme é do diretor Hiromasa Yonebayashi, que fez uma linda adaptação do livro "The Borrowers", da escritora Mary Norton, que publicou a história dessas pequenas pessoas em 1952.
O filme conta a história de Arrietty e sua família, pequenos seres
que parecem pessoas normais, mas com 10cm de altura, e que vivem no assoalho de
uma casa em Tóquio. Com a chegada de Sho, um garoto doente, uma amizade
um tanto inusitada nasce entre eles. Durante toda a história a sensação é que
os Barrows são seres da natureza, talvez uma releitura das “fadas”, mas que se
viram forçados a habitar pequenos lugares a medida que a civilização
domesticava animais e se espalhavam em locais intocados. Mas infelizmente eles
não estão seguros nem dentro da própria casa, já que quando um dos adultos
descobrem que a casa pode estar sendo habitado pelos “pequenos intrusos” começa
uma guerra em busca de extinguir Arrietty e sua família.
É um filme muito lindo, com uma histórica tocante e com uma narrativa
que foge da fórmula americana. Deixa ainda mais a sensação de que os intrusos
são os seres humanos, já que forçam todos os seres a se habituarem com seus
gostos e sonhos, e nunca o contrário, aceitando a ordem natural da natureza.
6. Era uma Vez na Floresta
Abgail, Edgar e Russel vivem felizes
numa floresta, tal como um rato, uma toupeira e um ouriço devem viver. Eles são
amigos e seguem sua rotina como sempre, até que um dia um homem chega na
floresta espalhando gases tóxicos e adoece Michelle, amigas deles. Então começa
a busca do três amigos, junto com o Tio Cornelius, de uma forma de salvar
Michelle e a floresta. É um daqueles filmes antigos, de 93, que contam
fábulas de uma forma simples e divertida.
7. Princesa Mononoke
Somos apresentados ao Príncipe Ashitaka, que após matar o terrível
deus-Javali se vê amaldiçoado pelo mesmo. Angustiado, ele foge da mesma aldeia
que lutou tanto para defender e nesse longo caminho acaba por conhecer San, a
Princesa Mononoke.
Numa aldeia está sendo travada uma luta e do lado dos deuses-animais
está San, que foi adotada e criada por uma tribo de deuses-lobos. Seu ódio
pelos seres humanos que estão destruindo a natureza é enorme e ela com o tempo
foi se esquecendo do seu lado humano, até o seu encontro com Ashitaka.
E nisso a história se desenvolve, entre uma guerra entre a civilização
que quer se estabelecer e a natureza, e seus protetores, que lutam
incansavelmente contra a destruição.
Fonte: Catraquinha